Um dos objetivos da visita do presidente Lula ao presidente americano Joe Biden no último dia 12 foi cumprido, mas não com louvor: o Brasil conseguiu que o governo estadunidense se comprometesse com recursos para o Fundo da Amazônia. Diz o comunicado oficial: “Os Estados Unidos anunciaram a intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia”.

O valor de US$ 50 milhões anunciado, no entanto, ficou abaixo das expectativas. No total, hoje o fundo tem R$ 3,2 bilhões em caixa para proteger uma área cujo valor estimado para a bioeconomia é de US$ 326 bilhões, ou mais de R$ 1,6 trilhão. Mas o potencial de mercado é altamente abstrato pelo simples fato de que nem o Brasil nem ninguém conhece com exatidão a fauna e flora da região.

De acordo com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), estima-se que existam cerca de 30 milhões de espécies de animais na floresta. No Brasil, porém, foram catalogados somente 311 mamíferos, 1,3 mil aves, 273 répteis, 232 anfíbios e 1,8 mil peixes continentais.

Grandes animais como boto cor-de-rosa, peixe-boi da Amazônia, pirarucu, onças-pintadas e uma quantidade enorme de primatas são o lado mais visível dessa riqueza. Mas há uma parte escondida no solo, nos caules e nas folhas. Por isso, proteger a Amazônia precisa ir além de evitar crimes ambientais, é necessário investir em ciência para melhor mapear o bioma e criar um plano de desenvolvimento e preservação que seja economicamente viável para manter a floresta em pé.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1312 da Revista Dinheiro)