10/11/2016 - 18:18
O dólar disparou nesta quinta-feira, 10, com a onda de aversão ao risco por conta da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e pela ausência de atuação do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio. Depois de atingir a cotação de R$ 3,38 ao longo do dia, a moeda reduziu parte da alta, mas ainda registrou a maior valorização desde 22 de outubro de 2008 no fechamento: alta de 4,29%, cotada a R$ 3,3615.
Pesavam ainda fluxos de saída de dólares e preocupações sobre o futuro político do presidente Michel Temer. “O investidor estrangeiro está ‘stopando’ as posições em dólar e saindo”, comentou o gerente da B&T Corretora, Marcos Trabbold. No mesmo horário, a Bovespa operava com recuo de 2%, aos 61.956 pontos.
O dólar já abriu em forte alta esta sessão após o BC anunciar, no noite passada, que interrompeu a oferta de leilões quase diários de swaps cambiais reversos, equivalentes à compra futura de dólares. O objetivo é “acompanhar e avaliar as atuais condições de mercado” após a inesperada vitória de Trump.
Segundo dados do BC, há US$ 6,491 bilhões em contratos de swap tradicional -equivalentes à venda futura de dólares – que vencem em 1º de dezembro e que, se o BC mantivesse o movimento até então, poderiam ser anulados se os leilões de reversos fossem mantidos neste mês.
“É um volume considerável”, comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado, lembrando que o estoque total de swaps tradicionais equivale a US$ 24,106 bilhões.
Em outubro, o BC anunciou que não anularia integralmente os contratos que venceram em 1º de novembro, o que também gerou pressão altista sobre a moeda norte-americana.
“O mercado não sabe até quando o BC não fará leilões de swap reverso e já está procurando ‘hedge’, antecipando uma ausência futura”, explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
No Chile, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sessão que a autoridade monetária está monitorando as condições do mercado de câmbio para ajudar a não colocar mais pressão e que, se for necessário, tomará as “medidas adequadas”.
Temer
Contribuía também para a disparada do dólar a notícia de que a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) documentos que apontam que uma doação de R$ 1 milhão feita à campanha eleitoral de 2014 pela empreiteira Andrade Gutierrez foi direcionada à campanha do então vice-presidente Michel Temer, companheiro de chapa da petista na eleição daquele ano.
“O externo predomina, mas aparecem notícias negativas e o investidor prefere desmontar sua posição e ver como vai ficar”, resumiu um profissional da mesa de câmbio de um banco nacional.
No exterior, os investidores ainda pressionavam as moedas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, após a vitória de Trump à Presidência dos Estados Unidos que, apesar de ter adotado um tom mais conciliador em seu discurso após as eleições, ainda gerava cautela nos mercados.