Os fiéis xiitas sauditas parecem determinados a prosseguir com as cerimônias de luto da Ashura, apesar da morte de cinco pessoas em um ataque reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

O ataque aconteceu na sexta-feira à noite na Província Oriental, onde vive a minoria xiita do país, em plena celebração do luto xiita da Ashura, que terminará em 24 de outubro.

“Cinco cidadãos foram mortos, entre eles uma mulher. Outras nove pessoas ficaram feridas”, afirma um comunicado divulgado pelo ministério do Interior.

Um homem com uma arma automática abriu fogo de maneira indiscriminada em uma” husseiniya” em Saihat, perto da cidade de Qatif (leste). A polícia interveio, abriu fogo e matou o agressor, segundo a nota oficial.

Uma “husseiniya” é um salão utilizado para comemorações xiitas.

Jaafar al-Abad, tio da mulher morta no ataque, afirmou à AFP que a família “está orgulhosa de que ela (Butheina, de 22 anos) tenha falecido em martírio, em nome de suas crenças”.

“Ela se formaria em Medicina. Faleceu como mártir e isto é ainda melhor”, disse.

Um grupo que se apresentou como Estado Islâmico-Província do Bahrein reivindicou o ataque em um comunicado, no qual adverte que “os infiéis não estarão seguros na península de Maomé”.

O texto afirma que um de seus “soldados”, Shugha al Dosari, atacou “o templo de infiéis com uma arma automática” em Saihat.

Mas vários xiitas afirmaram que os ataque não impedirão a continuidade dos rituais”

De acordo com Husein al-Nemr, morador de Saihat, outro ataque aconteceu durante a noite contra uma mesquita da cidade, mas sem deixar vítimas.

“Pedimos mais proteção e uma lei que criminalize o sectarismo”, declarou à AFP Nasema al-Sada, ativista e residente da Província Oriental.

O início da Ashura provocou um reforço da segurança nas zonas xiitas da Arábia Saudita. Durante as festividades do ano passado, um homem matou sete fiéis a tiros na cidade de Al-Dalwa, no leste do reino.

Em maio, o EI reivindicou dois atentados suicidas contra xiitas que deixaram 25 mortos na Província Oriental. O grupo jihadista sunita, que considera os xiitas hereges, também reivindicou um ataque em julho que deixou dois feridos em Riad.

O grupo também ataca as forças de segurança sauditas. Em agosto, o EI reivindicou o atentado suicida que deixou 15 mortos em uma mesquita do quartel-general das forças especiais em Abha, perto da fronteira com o Iêmen, país no qual a Arábia Saudita lidera uma campanha aérea árabe contra rebeldes xiitas.

A Arábia Saudita, peso pesado regional, integra a coalizão liderada por Washington para lutar contra o EI no Iraque e na Síria.