Em meio a uma epidemia, confirmada nesta sexta-feira (10) pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, de influenza A (H3N2) e depois de sete dias sem doses da vacina contra a gripe, o estado volta a imunizar sua população. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 23 mil casos de gripe foram registrados na cidade nas últimas quatro semanas.

A onda de gripe surgiu como um surto na capital fluminense, mas já se espalhou a outros municípios da Região Metropolitana, como Belford Roxo, Nova Friburgo, Petrópolis, Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. Quando um surto viral ocorre em diversas regiões, ele evolui a um quadro de epidemia. A pandemia, por sua vez, é quando uma epidemia ocorre em diversos países, como é o caso do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e sua nova variante Ômicron.

+ Vacina de mRNA contra influenza da Moderna tem resultados animadores
+ Rio tem aumento de gripe Influenza A e chama população para se vacinar

Chama atenção que as infecções ocorram fora de sua sazonalidade usual, no inverno. O fenômeno atípico ocorre na sequência da reabertura da cidade depois do confinamento social gerado pela Covid-19. Com a volta do trabalho e das aulas presenciais, jogos de futebol com públicos nos estádios, shows, entre outras atividades que causam aglomeração, o vírus da gripe voltou a circular.

“A gente ficou em isolamento, usando máscara de forma mais rigorosa, sem fazer aglomerações. Vários comportamentos de risco evitaram a transmissão de doenças infectocontagiosas, entre elas, as doenças de vírus respiratórios, como a influenza. Tinha um comportamento que restringia a circulação de outros vírus também”, explica a Dra. Carla Kobayashi, infectologista do hospital Sírio-Libanês.

https://twitter.com/SaudeGovRJ/status/1469018239976017923

“É importante a gente destacar a taxa de vacinação contra a influenza: o calendário contempla a vacina anual porque ela é produzida conforme as cepas que circularam no ano anterior. Por isso, é essencial se vacinar contra a gripe todos os anos”, enfatiza Kobayashi.

Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas cerca de 67 milhões de doses da vacina contra a gripe em todo o País neste ano, uma cobertura vacinal de 70,9%. Para comparação, em 2019 a cobertura vacinal foi de 91%; em 2020, 96%.

Para Kobayashi, a redução da vacinação contra a gripe ocorreu devido à preocupação e a urgência da imunização contra a Covid-19. Com isso, muitas pessoas não se preocuparam em tomar a vacina contra a gripe neste ano.

Outro fator que explica o quadro de contágio de influenza no Rio de Janeiro é a prevalência da influenza à medida que o coronavírus teve sua circulação reduzida. A epidemia carioca de gripe é preocupante e pode ocorrer em diversas regiões do Brasil.

“Há um perigo de haver um aumento do número de casos de maneira geral. Vai depender muito da taxa de vacinação”, alerta Kobayashi.

Influenza x Ômicron

As variantes do coronavírus apresentaram alguns sintomas semelhantes, como febre, tosse e perda de olfato e paladar, mas há também características distintas.

Os primeiros médicos sul-africanos que tiveram contato com a Ômicron diagnosticaram dores musculares (mialgia), fadiga, incômodo na garganta, febre baixa e tosse seca – perda de olfato e paladar não foram identificados. Assim, os sintomas da Ômicron aparentam ser mais próximos da variante Beta do que da Delta, por exemplo.

Já o médico David Lloyd disse ao jornal inglês The Sun que até 15% das crianças infectadas pela Ômicron apresentam alergias de pele. Entre os adultos foram constatadas dores de cabeça.

Já a influenza A proporciona sintomas de um resfriado comum, cuja principal característica são os rápidos e intensos picos de febre já nos primeiros dias de infecção. Além disso, mialgia, coriza e dor de garganta.

Quem ainda não leva a vacinação contra a gripe comum a sério deve ficar atento: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 650 mil pessoas morrem todo ano por doenças respiratórias relacionadas à gripe.

Em 2016, a gripe H1N1 provocou 1.774 mortes no Brasil, sendo a maioria no estado de São Paulo: 737. Em 2019, foram 1.149 óbitos por influenza, segundo dados do Ministério da Saúde.