Com os grandes shows e festivais voltando a acontecer no país após o intervalo por conta da pandemia de Covid-19, muitas pessoas estão ansiosas em ver seu artista preferido de perto. Mas muitos fãs estão tendo dificuldades em comprar os ingressos para os grandes shows, que estão se esgotando em questão de poucos minutos. 

Apesar da alta procura, há motivos para acreditar que há um outro fator que impede que essa compra aconteça: a ação de robôs nos sites das empresas que comercializam essas entradas.  

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O professor convidado da Fundação Getúlio Vargas e especialista em tecnologia Arthur Igreja explica que esse tipo de fraude acontece quando robôs são programados para agirem como se fossem clientes, com login, senha e cartão de crédito cadastrado. 

“Você consegue programar esses bots para que eles se comportem como usuários, e o sistema julga que é uma pessoa fazendo a compra dos ingressos. Estamos vivendo a digitalização dos cambistas, que compravam as entradas e ficavam à porta dos eventos para tentar vender. Com a automação isso acontece em outra escala”, explica. 

Um exemplo recente é a turnê da banda britânica Coldplay. Os ingressos para três datas na capital paulista, no próximo mês de outubro, esgotaram em questão de minutos. Vários fãs não conseguiram realizar a compra e se queixaram de, minutos depois, esses ingressos já estarem disponíveis em sites de revenda. Em um deles, a entrada mais barata para a apresentação do dia 18 de outubro está custando mais de R$ 900. O preço original era de R$245. 

O Procon-SP notificou a Eventim, empresa responsável pela comercialização dos ingressos, para prestar esclarecimentos sobre o motivo dos ingressos terem se esgotado tão rapidamente. 

O que é possível fazer? 

Para conter esse tipo de ataque, as promotoras de evento precisam agir na segurança de seus sites para evitar a ação dos bots, explica Arthur Igreja. O professor reforça que testes como os de captcha são uma forma de coibir essa prática, mas os sites responsáveis pela venda do ingresso precisam ir além para barrar ações coordenadas. 

“Uma coisa que os sites estão começando a fazer, é justamente tentar identificar esses fluxos que são anômalos. O robô compra com uma velocidade assustadora, então já há aspecto biométrico. Se um determinado cadastro foi preenchido em dois segundos, isso pode significar que não foi um ser humano que fez isso. Essa compra poderia ficar suspensa ou bloqueada por um tempo”, sugere.