Dados do Statista indicam que o mercado de “robôs de investimentos” (em inglês eles são chamados de robo advisor, ou robô conselheiro) tem sob administração hoje ativos que somam US$ 980,5 bilhões, vindos de 45,7 milhões de usuários. Isso significa um volume financeiro 80,5% superior ao de 2018 e alta de 75,4% no número de contas administradas por Inteligência Artificial e algoritmos.

Além de gerir as carteiras eles também passam a ser usados para derrubar as barreiras da intermediação que deixam muitos ativos inacessíveis a perfis mais baixos de investidores. Isso porque a capacidade de processar informações numa dimensão sobre-humana diminui custos de transação inerentes à pesquisa, análise e avaliação de riscos. Dentro do nicho aparece mais nicho.

É nessa megaespecialização que atua a Hurst Capital, que foca nos chamados ativos raros ou pouco visíveis, como é o caso de vários ativos reais – aqueles ativos que estão na economia real, mas fora do mercado financeiro. A empresa brasileira, fundada há dois anos, dispõe de uma plataforma que permite às pessoas físicas investirem em ativos reais, como precatórios (títulos públicos judiciais que são dívidas reconhecidas de governos municipais, estaduais e federal).

Arthur Farache, CEO da Hurst, diz que esse mercado era inacessível para as pessoas físicas, pois acessar e processar dados dessa base em que se originam os ativos é uma operação complexa e cara. Era movimentado exclusivamente pelas tesourarias das grandes instituições financeiras e fundos de investimento especializados. De acordo com a empresa, os rendimentos podem chegar a 40% ao ano. “Desenvolvemos robôs que vasculham os tribunais em busca desses ativos e seus titulares de uma forma muito mais rápida e segura”, diz. “É possível investir com R$ 10 mil nesse ativo.” A Hurst já atendeu 2,5 mil pessoas, que transacionaram R$ 45 milhões por sua plataforma.

A empresa usa a tecnologia para tornar os processos mais eficientes e mais baratos, fazendo exatamente o mesmo trabalho de um banco ou grande fundo na pesquisa, análise e avaliação dos ativos. Na prática, os robôs vasculham os sites dos tribunais de justiça, diários oficiais e processos judiciais que contenham precatórios, a fim de selecionar aqueles que preencham as características consideradas ótimas para aquisição. “A gente consegue acessar muito mais processos e pessoas.”

Os robôs trabalham como experts. O da Hurst traz tecnologia para precatórios. Diferentes ativos exigem robôs próprios, específicos para adquirir crédito, comprar energia ou imóveis, por exemplo, pois os ativos reais são heterogêneos, ao contrário dos ativos financeiros, como Certificados de Depósito Bancário (CDB) ou poupança. “Estamos sempre estudando ativos diferentes e, daí, criando tecnologias específicas para cada um deles”, diz Farache, que é advogado com experiência em instituições financeiras. Seu sócio na Hurst, Carlos Carvalho, é cientista da computação, também com experiência em empresas financeiras.

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