O presidente do Irã, Hassan Rohani, explicou nesta quarta-feira (26) que escreveu ao guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, para pedir sua intervenção e garantir uma “competição” maior nas eleições presidenciais de junho.

“O coração das eleições é a competição. Se você retira isso, temos um cadáver”, disse Rohani, um dia após o anúncio do veto das candidaturas de seu vice-presidente e de um de seus principais aliados.

“Escrevi ontem (terça-feira) ao guia supremo para saber se ele pode ajudar neste sentido”, completou.

O Conselho dos Guardiães da Constituição, órgão responsável pelo controle das eleições, autorizou sete candidatos a disputar as eleições presidenciais.

A lista tem cinco ultraconservadores e de maneira surpreendente ficaram de fora da disputa eleitoral o vice-presidente Eshaq Yahanguiri (reformista) e o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani (conservador), atual conselheiro do guia supremo Ali Khamenei.

A escolha dos candidatos validados parece abrir o caminho para a vitória do presidente da Autoridade Judicial, o ultraconservador Ebrahim Raisi.

Rohani não pode disputar novamente a eleição e expressou preocupação com a possibilidade de que os eleitores optem pela abstenção, o que considera que seria negativo para o país.

Nas legislativas de fevereiro de 2020, a taxa de abstenção foi de 57%, um recorde.

“Onde estão os 98%?”, questionou, em referência à taxa de participação oficial no referendo de 1979, após a derrubada do regime do Xá, quando foi aprovada a República Islâmica.

Khamenei pede há várias semanas uma participação “grande e revolucionária” na votação de 18 de junho.

Em 2005, o guia supremo atuou e conseguiu que o Conselho de Guardiães da Constituição validasse as candidaturas de dois políticos que haviam sido inicialmente excluídos.