Roman Abramovich, proprietário do Chelsea, foi incluído, nesta quinta-feira (10) na lista dos bilionários russos sancionados pelo governo britânico devido à invasão da Ucrânia, o que o impede de vender o clube campeão da Europa que, no entanto, poderá seguir jogando.

As sanções, que o Reino Unido já aplicou contra mais de 200 pessoas e entidades por seus vínculos com o presidente russo Vladimir Putin, compreendem o congelamento de bens, a proibição de realizar transações com particulares e empresas britânicas, e a impossibilidade de viajar para o país

“Os oligarcas e os cleptocratas não têm lugar em nossa economia nem em nossa sociedade”, afirmou a ministra de Relações Exteriores, Liz Truss.

“Com seus vínculos estreitos com Putin, são cúmplices de sua agressão”, acrescentou, ao anunciar uma nova lista de sete sancionados que, além de Abramovich, inclui seu ex-sócio comercial Oleg Deripaska, o diretor-geral da Rosneft, Igor Sechin, e o chefe da Gazprom (estatal russa de petróleo), Alexei Miller.

Completam a lista os diretores do banco VTB, Andrey Costin, da empresa de distribuição de hidrocarbonetos Transneft, Nikolai Tokarev, e do Banco Rossiya, Dmitry Lebedev.

“Em vista do importante impacto que as sanções de hoje teriam no Chelsea Football Club e as possíveis repercussões”, o governo de Boris Johnson publicou, ao mesmo tempo, “uma licença para permitir que uma série de atividades relacionadas ao futebol continuem” no clube.

Assim, o Chelsea, terceiro colocado na Premier League atrás de Manchester City e Liverpool, poderá seguir disputando partidas, pagar os salários de seus empregados – jogadores e treinadores incluídos -, os impostos e dívidas relacionadas com sua manutenção, os custos de viagem e as transferências de jogadores previamente acordadas.

A licença, no entanto, não inclui a venda de novos ingressos, as transferências de jogadores, nem tampouco as receitas de merchandising do clube que, em 2021, conquistou seu segundo troféu da Liga dos Campeões da Europa.

Martyn Hardiman, um torcedor de 29 anos, estava com seu filho de dois anos, Peter, quando os funcionários fecharam a loja do clube no estádio Stamford Bridge.

“Fomos à loja do clube e ainda estava aberta. Quando entramos, fecharam a porta atrás de nós e colocaram cartazes que diziam: ‘Estamos fechados devido às sanções'”, explicou.

“Subimos e pegamos a camisa, o que acabou sendo a última venda de camisas da atual temporada, aparentemente. Foi um tanto surreal”, acrescentou.

– Suspensão de patrocínio –

Como consequência das sanções, a operadora de telefonia Three anunciou que estava suspendendo o seu patrocínio, e pediu ao clube “a retirada da marca dos uniformes e do entorno do estádio até segunda ordem”.

O Chelsea, por sua vez, denunciando as restrições a suas operações diárias como bastante duras, pediu para iniciar conversas com o governo britânico em busca de mudanças na licença para poder “operar com a maior normalidade possível”.

Por ora, segundo a Premier League, a partida contra o Norwich na noite desta quinta-feira deverá ser disputada como previsto.

O governo britânico estimou em 9,4 bilhões de libras (63 bilhões de reais) a fortuna de Abramovich, que possui uma mansão de 15 quartos em um luxuoso bairro de Londres, meia dúzia de iates – o maior deles de 162 metros de comprimento – e é o principal acionista da gigante do aço Evraz.

As ações do grupo caíram 12% na Bolsa de Londres nesta quinta, antes de sua cotação ser suspensa para “proteger os investidores à espera de esclarecimentos sobre o impacto das sanções”.

Após fazer fortuna com os hidrocarbonetos, Abramovich vendeu em 2005 sua participação de 73% na petroleira russa Sibneft à gigante estatal de gás Gazprom por 9,87 bilhões de libras, segundo o governo britânico.

Ele “é um dos poucos oligarcas da década de 1990 que manteve sua proeminência sob o mandato de Putin”, acrescentou Londres, ao também enfatizar que “nenhum de nossos aliados havia sancionado Abramovich ainda”.

Temendo ser incluído na lista de alvos das sanções britânicas, Abramovich chegou a anunciar na semana passada que tinha colocado à venda o famoso clube do oeste de Londres, do qual é proprietário há 19 anos.

“A venda do clube não será feita de forma precipitada”, assegurou o bilionário sobre a equipe que comprou em 2003 por 140 milhões de libras e esperava vender por 3 bilhões após realizar enormes investimentos.

Além disso, garantiu que não pediria reembolso dos empréstimos que concedeu ao clube, estimados em 1,5 milhão de libras, e que o “lucro líquido” da transação seria destinado a “todas as vítimas da guerra na Ucrânia”.

Segundo a imprensa britânica, um consórcio dirigido pelo empresário americano Todd Boehly – coproprietário do time de beisebol Los Angeles Dodgers – e pelo bilionário suíço Hansjorg Wyss – fundador da empresa de material médico Synthes – já teria formulado uma oferta. Os magnatas Josh Harris, dos EUA, e Mushin Bayrak, da Turquia, também estariam interessados no clube londrino.