Na última quarta-feira 4 de abril, o estádio do Maracanã anoiteceu abarrotado como acontecia nos grandes clássicos até meados da década de 80, quando o futebol carioca ainda intimidava. A torcida, entretanto, não estava ali para aplaudir nem o Vasco da Gama nem o pequeno Gama, de Brasília, que disputavam jogo pela segunda fase da Copa do Brasil. A multidão gritava um só nome: Romário! Romário! Romário! Ali, o baixinho nascido na favela do Jacarezinho e criado na Vila da Penha, subúrbio do Rio, marcaria o milésimo gol de sua carreira ? o mesmo feito alcançado por Pelé, na noite de 19 de novembro de 1969, quando marcou o seu gol de número 1.000 em Andrada, o então arqueiro do mesmo Vasco de Romário, no mesmo Maracanã. A história, portanto, se repetia. Há quem conteste a marca do artilheiro, acuse Romário de maquiar a contagem com gols marcados quando ele atuava na categoria amadora. Se for isso mesmo, quem se importa? Com seus gols, Romário fez a alegria de milhões de pessoas, injetou milhões de dólares na economia e trouxe a esperança para milhões de pessoas portadoras da síndrome de Down ? a deficiência de sua filha Ivy. De língua afiada, muitas vezes beirando a arrogância com suas frases iconoclastas como ?Deus apontou para mim e disse: esse é o cara? ou ?o time do PSV é Romário e mais dez?, ele entrou para a história do futebol, aqueceu a economia brasileira e proporcionou lucros gigantescos para os clubes onde atuou ? mais do que muitos líderes empresariais. De olho nisso, DINHEIRO selecionou poucos e excelentes feitos do baixinho, do alto dos seus 40 anos, que entraram para a história. Acompanhe no quadro abaixo:

OS EXCELENTES FEITOS DO BAIXINHO

19/09/1993
ELIMINATÓRIAS

A Seleção Brasileira de futebol corria o risco de não se classificar para a Copa do Mundo de 1994. O técnico Carlos Alberto Parreira e o assistente Mário Jorge Lobo Zagallo teimavam em não convocar o baixinho para os jogos finais. O Brasil clamou por Romário e, no último jogo contra o Uruguai em pleno Maracanã, ele foi convocado. ?Vou marcar dois e classificarei o Brasil?, disparou na época. Não deu outra. Ele botou a bola na rede aos 26 minutos do segundo tempo e, depois, marcou mais um aos 36 minutos. Brasil 2 X 0 Uruguai. O País selou a participação na Copa do Mundo e a economia recebeu uma injeção de US$ 250 milhões.

Junho e Julho de 2004
COPA DO MUNDO

O Brasil chega à Copa do Mundo desacreditado. A seleção de Parreira joga feio e tem no baixinho a sua única esperança. Durante a Copa, Romário faz cinco gols e, dizem até hoje a opinião pública e os cronistas esportivos, foi o grande responsável por acabar com o jejum de título que durava 24 anos. Depois da vitória brasileira, a CBF viu todos os seus contratos publicitários, direitos de transmissão e cotas por amistoso saltarem da noite para o dia. Em 1994, todos os patrocínios giravam em torno de US$ 3,4 milhões. Em 1996, a CBF fechou contrato com a Nike por 1dez anos. Valor: US$ 12 milhões ao ano.

1993-1994-1995
BARCELONA

Romário chega ao Barcelona e profetiza. ?O time será o campeão e eu serei artilheiro com 30 gols.? No último jogo do campeonato na temporada 1993/1994, Romário está com 29 gols e precisa que o Deportivo La Coruña empate. Dito e feito. O rival empata, Romário faz o seu 30º gol e o Barça sagra-se campeão. No ano seguinte, Romário vai para o Flamengo, mas deixa o Barcelona em alta com um lucro de US$ 3,5 milhões na temporada e investimentos da ordem de US$ 61,5 milhões ? mais do que a Embraer, com US$ 55,9 milhões naquele ano.

Março e Abril de 2007
GOL DE PLACA

O baixinho marca um dos gols mais bonitos de sua carreira. Acompanhado da esposa, Isabella, e da pequena Ivy, portadora da síndrome de Down, ele discursa no Senado Federal e chama atenção da sociedade para que não haja discriminação e, sim, inclusão social para os portadores da deficiência. ?A ajuda do Romário é muito importante?, diz Rosane Lowenthal, presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. ?Ele mostra a todos que os portadores de Down não podem ser excluídos de ambientes e atividades regulares, como as escolas.?