04/07/2007 - 7:00
RELAX Riviera Maya, México ? É desse paraíso, descoberto por europeus ricos, o melhor ponto de partida para as pirâmides e ruínas da civilização perdida dos maias. O parque aquático e temático de Xcaret é imperdível. A praia do hotel Maroma foi eleita a mais bonita do Caribe. Preço: a partir de US$ 2 mil por pessoa. Onde encontrar: Centro de Turismo do México (11) 3082 3181 ou Fredtur (31) 3313 1788
A noite cai em Veneza e a Basílica de San Marco cerra suas portas. Logo depois, quando a praça já está quase vazia, as portas da basílica se entreabrem para que um casal possa entrar. Em silêncio, na mais completa penumbra, eles se dirigem à nave principal e se postam bem abaixo do sensacional teto de mosaicos do século XII. O monge se afasta. As luzes se acendem e, de repente, o casal tem a basílica inteira, só para eles, e pelo tempo que quiserem, para que possam rezar com total privacidade. No inverno, com o escuro mais fechado, o impacto é ainda maior. E quem são esses dois? Ora, são turistas. Meros turistas, mas que conhecem as pessoas certas, os agentes que conseguem realizar seus caprichos místicos. Poucos sabem, mesmo porque o acesso a certas regalias deve ser restrito a poucos: recentemente o abade começou a liberar a basílica à noite para que alguns devotos possam orar com privacidade. Da mesma forma, poucos sabem que sabem, mesmo porque há especiarias que não são para qualquer um saber, que é possível fazer um safári na África dentro de um balão, avistando de cima manadas de elefantes e leões em plena caça, ou que existem recantos inimagináveis na Riviera Maya, próximo à badalada Cancún, México, melhor base para se conhecer as cidades perdidas da civilização maia, ou simplesmente descansar na praia mais bela do caribe, Maroma.
Existe um fenômeno ocorrendo neste momento entre os ricos (e os profissionais realizados) dos países desenvolvidos. Eles já não querem mais fazer simples viagens de turismo. Buscam emoções diferentes, a realização de desejos antigos, o acesso a coisas raras. A novidade acompanha os chamados ?baby boomers?, a geração nascida en tre 1946 e 1964, período no qual o Ocidente viveu um grande boom econômico e o maior salto tecnológico da nossa história. Só nos Estados Unidos eles são 76 milhões ? somados aos da Europa Ocidental e os da América Latina, ultrapassam 200 milhões. Para seus pais, já era um grande luxo um dia visitar a Itália. Mas boa parte dessa geração, mimada desde o berço, conheceu Paris de mochila nas costas, Veneza em lua-de-mel e Xangai em viagem de negócios. Outro fato novo é que os ?baby boomers? começaram a se aposentar em 2006. A cada dia, dez mil america nos (e mais 20 mil no Ocidente) chegam aos 60 anos. É grande a fatia dos que agora têm tempo, dinheiro e saúde. Eles já haviam revolucionado a indústria, os serviços e as finanças; agora reinventam a indústria do turismo, a terceira do mundo. O segmento do turismo internacional de luxo tem crescido 15% ao ano; movimentou US$ 3,6 bilhões em 2005 e deve chegar a US$ 5 bilhões este ano. Nas nações desenvolvidas e emergentes, incluindo o Brasil, começam a aparecer agentes de viagens especializados em abrir portas antes inimagináveis ? como as de San Marco, ou as do Vaticano (por 2,5 mil euros consegue-se uma entrevista exclusiva com o papa Bento XVI). Nos Estados Unidos, já nasceram duas redes especializadas em arrumar coisas diferentes para clientes exigentes.
Uma é a Signature, mas só embrulha pacotes para americanos. A outra é Virtuoso, pioneira do ramo, com representantes em 78 países, incluindo o Brasil. ?O conceito do que é luxo está mudando?, avisa Mattew Upchurch, fundador do Virtuoso. ?Luxo não é mais usufruir de hotéis com torneiras de ouro, mas ter experiências emocionais. Os caras agora me exigem algo que eles mesmos não encontram no Google.?
Uma pedida excêntrica, no segmento da aventura, é seguir as pegadas do célebre explorador inglês David Livingstone pelo majestoso rio Zambeze, passando pelas quedas de Victoria, uma das sete maravilhas naturais do mundo, na Zâmbia, até encontrar a nascente do Nilo. A mais fantástica das experiências, contudo, mal começou ? as viagens espaciais. No momento, a Virgin Galáctica, da britânica Virgin Airlines, constrói um avião capaz de levar sete turistas a uma viagem suborbital na qual será possível conferir se a Terra realmente é azul. As viagens estarão disponíveis em menos de dois anos, no início de 2009, ao preço de US$ 200 mil. Dias atrás, num encontro de 400 agentes de turismo de luxo na Riviera Maya, a Sony exibiu uma nova publicidade institucional que empolgou a platéia. Aparecia um senhor preparando- se para ir ao espaço, depois dentro da nave, apreensivo, em seguida sorrindo, até ficar eufórico com o que via pela janela ? e a câmera da Sony registrando tudo. A propaganda terminava assim: ?Se algum dias seus filhos e netos lhe cobrarem onde foi que você gastou todo o dinheiro que ganhou na vida, mostre esse filme.?
