O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 28, pelo Banco Central traz um boxe sobre o desempenho recente e as perspectivas para a construção residencial. O documento traz uma visão geral dos últimos ciclos da construção no País e do tamanho do segmento residencial dentro do setor.

O estudo também faz exercícios sobre o papel de alguns de seus determinantes da evolução recente do setor e suas perspectivas de curto prazo.

De acordo com o BC, os ciclos da construção coincidem com os ciclos econômicos do Brasil, com crescimento expressivo entre 2007 e 2013 e retração entre 2014 e 2019.

“Entre 2020 e 2022, a construção voltou a se expandir, favorecida pela redução da taxa de juros para financiamentos imobiliários, pelo aumento da poupança das famílias decorrente das restrições ao consumo de serviços impostas pela crise sanitária e pelo elevado volume de transferências governamentais às famílias”, destaca o RTI.

O documento ressalta ainda que a construção residencial cresceu em importância no total do setor na última década. A construção de residências, incluindo reformas, já representa aproximadamente metade do valor da produção (VP) da construção e quase 30% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).

“A evolução da atividade da construção residencial entre 2010 e 2022 teve impacto positivo sobre o estoque de domicílios, que aumentou 34,4%, de 67,5 milhões em 2010 para 90,7 milhões em 2022 (um incremento de 23,2 milhões de domicílios). Houve ainda melhora na qualidade média das residências: o número de domicílios com banheiro exclusivo e de boa qualidade aumentou 63%, enquanto o número de domicílios sem banheiro ou com banheiros de qualidade inferior caiu 42%”, acrescenta o BC.

Crédito

O boxe também aponta que, embora a maioria das famílias ainda utilize recursos próprios para construir ou reformar suas residências, o crédito habitacional passou de 3,4% para 9,4% do PIB na última década, sendo que o número de pessoas com financiamento imobiliário ativo aumentou de 3,6 milhões para 8,6 milhões. Porém, com o aumento da taxa Selic, o chamado índice de acessibilidade habitacional diminuiu desde meados de 2021.

“De maneira coerente, a queda recente do índice foi acompanhada de uma queda de 19,1% nos lançamentos residenciais no primeiro semestre de 2023, em relação ao primeiro semestre de 2022. Contudo, considerando que a construção de um imóvel residencial leva tempo e que houve grande número de obras lançadas nos últimos anos, estima-se que o número de imóveis em construção ainda continue acima do patamar pré-pandemia, o que contribui positivamente para o nível da atividade econômica do segmento no curto prazo”, ponderou o BC. “A expectativa de redução do grau de aperto monetário na economia brasileira, condicionada ao processo de desinflação e à reancoragem das expectativas de inflação, também pode contribuir positivamente mais à frente”, concluiu.