Foi uma goleada. Na última terça-feira, em apenas 16 horas de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, mais de meio milhão de reservas foram feitas por torcedores de todas as partes do planeta. A procura revela o sucesso que o torneio deve alcançar a partir de 9 de junho do ano que vem, quando a bola rolar no estádio de Munique. Diferentemente da última competição, realizada na Coréia e no Japão, o maior problema da próxima Copa não é a distância, mas o câmbio. Uma das moedas mais valorizadas do mundo, a cotação do euro chega a assustar. Na semana passada, um euro comprava R$ 3,40. Como um pacote completo para o evento não sai por menos de 10 mil euros, o torcedor que queira acompanhar a trajetória da seleção canarinho pelos gramados alemães teria de desembolsar, no mínimo, R$ 34 mil pelo câmbio atual. Como nem todo mundo pode pagar esse valor à vista, uma alternativa é fazer uma espécie de poupança programada, acumulando os recursos necessários ao longo de um período. Foi com essa idéia em mente que a Sul América lançou um plano de capitalização atrelado a um pacote completo para a Copa de 2006, que inclui passagens aéreas, hotéis, traslados para os estádios e ingressos para os jogos.

Batizado de SulaCopa, o plano de capitalização pode ser dividido em 12, 13, 14 ou 15 meses. O torcedor escolhe qual pacote deseja entre as três opções disponíveis: primeira fase (4.960 euros), primeira fase e oitavas-de-final (5.950 euros) ou Copa inteira (12.940 euros). O valor do plano é convertido para reais e dividido pelo número de prestações desejado pelo cliente, que ainda tem de pagar R$ 1.500 de taxa de adesão às operadoras de viagem. As prestações são fixas pelo prazo de até 12 meses. Após esse período, são corrigidas pela inflação (IGP-M). Os valores depositados mensalmente são capitalizados pela TR (taxa referencial). Ao final do período, o torcedor saca o dinheiro acumulado e paga o pacote de viagem. ?A capitalização é uma alternativa frente aos financiamentos, que cobram juros muito altos?, diz Antônio Carlos Gabriel, diretor de marketing da Sul América Capitalização. ?Além disso, ninguém precisa se preocupar com os ingressos, que já estão garantidos?. Segundo ele, mais de 600 planos já foram vendidos desde o lançamento, no final de 2004.

O plano, porém, não cobre o risco cambial. Se o real desvalorizar frente ao euro, o valor acumulado não será suficiente para pagar o pacote. Nesse caso, o cliente terá de completar o restante do próprio bolso. Trata-se de um risco considerável. Segundo estimativas, o euro estará por volta de R$ 4 em 2006. ?Todas as moedas que estão valorizadas, como o real, devem sofrer uma pequena desvalorização até o ano que vem?, prevê o economista Alex Agostini, da GRC Visão. Outro problema é a baixa rentabilidade do plano de capitalização, que perde até da poupança (leia quadro). ?Com as taxas de juros atuais, é muito mais negócio aplicar em um fundo de renda fixa e, após 12 meses, sacar o dinheiro e pagar a viagem?, calcula Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação dos Executivos de Finanças (Anefac). Outra opção é aproveitar a atual valorização do real para adquirir euros. ?O torcedor pode escolher entre comprar a moeda, cheques-viagens ou mesmo aplicar num fundo cambial atrelado ao euro?, sugere o planejador financeiro pessoal Louis Frankenberg. Para quem sonha em assistir ao hexacampeonato da seleção brasileira, já é hora de iniciar a poupança.

COMO FUNCIONA O SULACOPA

 

? Pacote completo para a Copa: ? 12.940
? Equivalente em reais: R$ 48.395,60
? Prestação para o plano de 12 meses: R$ 4.032,97
? Valor capitalizado após 12 meses: R$ 49.066,66
? Conversão para euro (fev/2006): ? 12.236,07

QUANTO RENDERIAM OUTRAS APLICAÇÕES

VANTAGENS DO SULACOPA

? Pacote completo, com hotel, passagem aérea e ingressos garantidos
? Funciona como uma poupança programada

Desvantagens
? Baixa rentabilidade
? Risco de o investidor não acumular o valor suficiente para a viagem