A companhia russa Gazprom anunciou nesta terça-feira (31/05) ter cortado totalmente o fornecimento de gás natural para a Holanda. A medida é uma retaliação à recusa da operadora holandesa de energia GasTerra de pagar pelas importações de gás em rublos.

A Holanda se junta assim a Polônia, Bulgária e Finlândia, que também tiveram suas importações de gás russo cortadas por Moscou.

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A Gazprom afirmou que até 30 de maio não recebeu pelo fornecimento de gás à Holanda em abril, apesar de ter notificado a GasTerra de que pagamentos pelo combustível deveriam ser feitos na moeda russa.

Em março, como resposta às sanções internacionais após a invasão da Ucrânia pela Rússia, Moscou passou a afirmar que só aceitaria o pagamento por seu gás em rublos, e que os compradores teriam que abrir uma conta bancária na Rússia, numa tentativa de valorizar a cambaleante moeda do país.

Compradores europeus acusaram os russos de quebra de contrato e “chantagem”, já que Moscou deixou claro que cortaria o fornecimento de quem não atendesse à nova exigência.

Holanda descarta ameaça a abastecimento

Nesta segunda-feira, a GasTerra já havia afirmado esperar que o gás russo fosse cortado por ter decidido não atender às exigências unilaterais da Gazprom.

A decisão da companhia russa deve impedir que 2 bilhões de metros cúbicos de gás sejam entregues à Holanda até outubro, declarou a GasTerra. A empresa – que é propriedade conjunta dos gigantes da energia Shell e Esso, da companhia de gás holandesa EBN e do Estado holandês, que tem uma participação de 10% – disse que se antecipou ao corte comprando gás de outras fontes.

“Isso [o corte] não é visto como uma ameaça ao nosso abastecimento”, afirmou Pieter ten Bruggencate, porta-voz do Ministério da Economia holandês.

Na Holanda, 44% da energia consumida é baseada em gás, mas apenas cerca de 15% desse gás vem da Rússia, o que significa cerca de 6 bilhões de metros cúbicos por ano, segundo dados do governo. O país anunciou anteriormente planos para parar de usar combustíveis fósseis russos até o final do ano. Na UE como um todo, uma média de 40% do gás consumido vem da Rússia.

Nesta segunda, assim como a holandesa GasTerra, a empresa Orsted, da Dinamarca, alertou para o risco de para o risco de a Rússia interromper o envio de gás para o país, que também se recusa a pagar em rublos pelo combustível.

Os cortes no fornecimento de gás russo impulsionaram os preços já elevados do gás na Europa e a inflação, e estimulam governos e empresas do continente a buscar alternativas.

Na segunda-feira, os líderes da União Europeia concordaram em reduzir as importações de petróleo russo, aumentando a pressão sobre a Rússia por causa da invasão da Ucrânia.

lf (AFP, Reuters)