Rússia está tomando medidas para “minimizar” o impacto do embargo sobre o petróleo russo acordado pela União Europeia, devido à guerra na Ucrânia – anunciou o Kremlin nesta quarta-feira (1º).

“Estas sanções terão um impacto negativo para Europa, para nós e para o conjunto do mercado energético mundial. Mas há uma reorientação [da economia russa] que nos permitirá minimizar as consequências negativas”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista coletiva.

Na segunda-feira (30), os líderes da União Europeia chegaram a um acordo sobre um embargo parcial das importações de petróleo russo até o fim do ano, no âmbito de um sexto pacote de sanções contra Moscou.

Bruxelas acredita que, com isso, privará a Rússia de uma parte da receita procedente do setor energético, a qual permite-lhe financiar a guerra na Ucrânia.

Segundo um artigo do Wall Street Journal publicado na terça-feira (31), os membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) estudam a possibilidade de isentar a Rússia do plano de produção decidido em julho passado com seus aliados do acordo Opep+.

Isso permitirá que os poucos países ainda em condições de aumentar significativamente sua produção, em especial a Arábia Saudita, possam fazê-lo.

Em visita a Riade, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, assegurou nesta quarta-feira, após consultas com seus colegas dos países do Golfo, que a Rússia deseja continuar a cooperação no âmbito da Opep+.

“Levantamos este assunto, mas apenas no contexto de confirmar os acordos de cooperação da Opep+ que já foram confirmados várias vezes pelos nossos líderes”, disse Lavrov, enfatizando que “os princípios de cooperação nesta base ainda são relevantes e atuais”.

Moscou costuma relativizar o impacto das sanções ocidentais sobre sua economia.

Apesar do embargo parcial de petróleo, a Rússia ainda conta com as exportações de gás para a Europa, muito mais importantes do que as de petróleo bruto.

Os efeitos das sanções começam a ser sentidos, porém, com uma aceleração da inflação, e muitos economistas acreditam que a situação vai piorar nos próximos meses.

Especialmente porque as exportações russas de gás, embora ainda tragam receitas recordes ao país devido ao alto preço, começaram a cair. Entre janeiro e maio de 2022, caíram 27,6% em relação ao mesmo período de 2021.

Esta redução diz respeito, sobretudo, à União Europeia, que tenta desde o início da ofensiva, em 24 de fevereiro, reduzir sua dependência do gás russo – que anteriormente representava 40% das suas importações anuais de gás – e já encontrou outros fornecedores nos Estados Unidos para um terço de suas compras.

Além disso, alguns países se recusaram a pagar em rublos por suas compras de gás russo, conforme exigido recentemente pelo presidente Vladimir Putin, em retaliação às sanções impostas a Moscou.

Assim, no final de abril, a gigante russa Gazprom anunciou que havia suspendido todas as suas entregas de gás para Bulgária e Polônia.

E a lista de clientes europeus que se recusam a pagar em rublos está crescendo, o que deve aprofundar ainda mais a queda nas exportações no futuro. Em 21 de maio, as entregas para a Finlândia foram interrompidas.

Na terça-feira, foi a vez das entregas para a holandesa GasTerra e, hoje, para a dinamarquesa Ørsted e Shell Energy Export.