13/06/2022 - 16:23
China supera Alemanha como maior importador de energia russa. Apesar dos boicotes, aumento global nos preços dos combustíveis continua a encher os cofres do Kremlin, afirma estudo.A Rússia obteve ganhos no valor de 93 bilhões de euros (em torno de R$ 494,6 bilhões) com exportações de combustíveis fósseis nos 100 primeiros dias desde a invasão à Ucrânia, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (13/06).
O relatório do Centro de Pesquisas em Energia e Ar Limpo (Crea), uma instituição independente com sede na Finlândia, afirma que, desde o início do conflito em solo ucraniano, em 24 de fevereiro, os países da União Europeia (UE) consumiram 61% de todas as exportações russas de combustíveis fósseis, pagando 57 bilhões de euros. para Moscou
No início do mês, os Estados-membros da UE concordaram em suspender a maior parte dessas importações, das quais os países do continente, em grande parte, ainda dependem. O bloco europeu também se comprometeu a reduzir em dois terços as importações de gás natural, embora ainda não se discuta um embargo ao produto.
O governo ucraniano vem reiterando os pedidos para que o Ocidente rompa de vez os laços comerciais com a Rússia, de modo a bloquear o financiamento ao Kremlin e às Forças Armadas do país.
Mas, mesmo com a queda abrupta das exportações russas em maio, com cada vez mais países rejeitando os produtos russos em razão da guerra na Ucrânia, o aumento global dos preços dos combustíveis continua a encher os cofres do Kremlin, com as receitas atingindo níveis recorde.
França aumenta importações
A receita obtida por Moscou com os combustíveis fósseis advém, primeiramente, das exportações de petróleo bruto (46 bilhões de euros), seguido do gás natural exportado através dos gasodutos, dos derivados de petróleo, Gás Natural Liquefeito (LNG) e carvão.
Os preços médios das exportações russas estavam, em média, 60% acima dos valores registrados no ano passado, afirmou o Crea. Algumas nações, inclusive, aumentaram suas importações de commodities russas, entre estas, a China, Emirados Árabes Unidos e a França, afirma o relatório.
Segundo a instituição de pesquisas, a França aumentou suas importações a ponto de se tornar o maior comprador de Gás Natural Liquefeito em todo o mundo, ao mesmo tempo em que a UE avalia impor novas sanções à Rússia.
Ainda que estas sejam compras unitárias, ao invés de contratos de longo prazo, a França optou de maneira consciente por utilizar a energia russa, mesmo durante a guerra de agressão de Moscou em solo ucraniano. O Crea pede um embargo aos combustíveis fósseis russos, para que o Ocidente “alinhe suas palavras com suas ações”.
China supera Alemanha como maior comprador
A China superou a Alemanha como o maior comprador de energia russa desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro. De acordo com os dados levantados pelo Crea, os chineses importaram o equivalente a 12,6 bilhões de euros. Berlim, por sua vez, comprou 12,1 bilhões. A Itália e a Holanda pagaram cada uma 7,8 bilhões de euros aos cofres russos, e a Polônia, 4,4 bilhões.
Nos dois primeiros meses da guerra, a Alemanha havia sido o maior importador de energia da Rússia. A mudança de patamar reflete o crescimento a importância da China e outros países não europeus para exportação de energia russa que é responsável por 40% das receitas do país.
Segundo a pesquisa. A Alemanha ainda se mantem fortemente dependente das fontes de energias russas, em particular, do gás natural. Entretanto, em maio essas importações caíram 8% em relação aos meses anteriores, o que coincide com a chegada das estações mais quentes do ano, quando o gás deixa de ser utilizado no aquecimento das residências.
A Europa, como um todo, reduziu em maio suas importações de Rússia em mais de 100 milhões de euros ao dia. Essa tendência foi liderada pela Polônia, que, no passado, chegou a ser o maior comprador de petróleo e gás russos.
rc (AFP, AP)