A esponja com esfregão que tipicamente se utiliza para lavar a louça é, na verdade, um ótimo local para os micróbios se juntarem. Por isso que, à medida que a esponja é utilizada, começa a ter um aspecto indesejável.

A principal razão para este acessório de limpeza ser um abrigo para várias colônias de bactérias está na sua estrutura: tem diferentes camadas de separação, que conferem espaços combinados de diferentes tamanhos, tal como um solo saudável. Torna-se assim um ambiente rico em biodiversidade, onde tanto podem tanto viver bactérias que prosperam em comunidades diversificadas, como bactérias que prosperam de forma solitária.

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“As bactérias são como as pessoas que vivem a pandemia – algumas acham difícil ficar isoladas enquanto outras prosperam”, compara Lingchong You, professor de engenharia biomédica da Duke, em comunicado. “Demonstramos que, em uma comunidade complexa que tem interações positivas e negativas entre as espécies, há uma quantidade intermediária de integração que maximizará sua coexistência geral”.

O solo age da mesma forma: a complexidade do ambiente permite uma maior biodiversidade de organismos. Publicado do dia 10 de fevereiro, na revista Nature Chemical Biology, o estudo pode ajudar indústrias que utilizam bactérias para a fabricação de produtos (como álcool e medicamentos) a desenvolverem estruturas mais funcionais e produtivas.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam o crescimento populacional de 80 cepas diferentes de Escherichia coli em placas de laboratório e em objetos com cavidades de diferentes tamanhos. As menores permitiram o desenvolvimento de apenas uma ou duas cepas, enquanto as maiores começaram com uma grande variedade de cepas e também terminaram o experimento com a predominância de uma ou duas variantes.

“O pequeno porcionamento realmente prejudicou as espécies que dependem de interações com outras espécies para sobreviver, enquanto o grande porcionamento eliminou os membros que sofrem com essas interações (os solitários)”, descreve You. “Mas o porcionamento intermediário permitiu uma diversidade máxima de sobreviventes na comunidade microbiana.”

Por fim, os pesquisadores de Duke também observaram o crescimento de populações bacterianas em esponjas de cozinha, concluindo que elas são incubadoras muito melhores do que as placas de Petri. “Como se vê, uma esponja é uma maneira muito simples de implementar o porcionamento em vários níveis para melhorar a comunidade microbiana geral”, disse You. “Talvez seja por isso que seja uma coisa realmente suja – a estrutura de uma esponja é um lar perfeito para micróbios.”