Diálogo presenciado em
um Carrefour de Dubai,
Emirados Árabes, por Michel Alaby, secretário-geral da Câmara Comercial Árabe-Brasileira:? Está aqui o ?Sádia?, mamãe, diz a adolescente, trazendo nas mãos uma embalagem de frango congelado dinamarquês.? Este não. Eu quero o ?Sádia? verdadeiro, responde a mãe.? Mas é mais caro.? E é melhor também.
Pegue o ?Sádia?.

Sucesso nas prateleiras: vendas para a região renderam R$ 480 milhões no ano passado
?Sádia? é como os árabes chamam a Sadia, potência brasileira do setor de alimentos que faturou R$ 2 bilhões no primeiro semestre deste ano. A história acima mostra que a companhia vive um momento único em seus 27 anos de exportações para o Oriente Médio. Como aconteceu por aqui com as lâminas de barbear da Gillette e as palhas de aço da Bombril, Sadia está virando sinônimo de frango no mundo árabe. O fenômeno é mais forte na Arábia Saudita, mas já começa a se espalhar por Emirados Árabes, Bahrain, Kuwait, Oman, Yemen e Qatar. ?Esse é o resultado de um trabalho de 25 anos?, diz Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho da Sadia. Ele conta que, nos anos 70, era proibido fazer comerciais nas tevês locais. ?Por isso, divulgávamos a marca em sacolas de supermercado, adesivos para carro e em ?trailers? produzidos especialmente para fitas de videolocadora, o que é pouco usual até hoje?, conta Furlan. A tática deu certo.

Segunda colocada no mercado de aves do Oriente Médio, em 2001 a Sadia vendeu para a região R$ 480 milhões em frango, peru, empanados, embutidos, hambúrgueres, almôndegas e até quibe congelado. A cifra representou quase 8% de tudo o que os países árabes importaram do Brasil no ano passado. ?A marca está consolidada e os consumidores confiam muito nela?, diz o analista Daniel Pasquali, da corretora Fator.

E confiança, no caso dos árabes, não tem a ver só com qualidade. Para exportar frango a países muçulmanos, a Sadia precisa seguir uma série de regras religiosas. Os animais são pendurados com o peito voltado para Meca (cidade saudita sagrada para o Islamismo) e degolados. O sangue deve escorrer enquanto eles ainda estiverem vivos. Sheiks supervisionam todo serviço nas plantas de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, no Paraná.

Em 2001, do R$ 1,5 bilhão que a Sadia exportou para 60 países
(39% da receita bruta de R$ 4 bilhões), 32% vieram do Oriente Médio. É um percentual igual ao das vendas para a Europa e oito vezes superior às geradas no Mercosul.