O locutor carioca Galvão Bueno, o principal narrador esportivo da televisão brasileira, construiu empresas, nas últimas décadas, com a mesma habilidade que entrou em polêmicas. Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, por exemplo, a hashtag #CALABOCAGALVÃO – uma crítica aos comentários feitos durante as transmissões dos jogos pela Rede Globo – foi a mensagem mais compartilhada nas redes sociais em todo o mundo, por mais de um mês. No campo dos negócios, Galvão Bueno já ajudou a trazer a rede Burger King para o País, fundou a Bueno Wines, empresa que detém, desde 2013, participação na vinícola gaúcha Miolo, além de criar gado e promover leilões de animais puro-sangue.

Por trás dos negócios de Galvão Bueno está Letícia Galvão, a primogênita entre quatro filhos. Nascida no Rio de Janeiro, a empresária administra com mão de ferro parte das empresas da família, que incluiu a assessoria dos irmãos mais novos, Cacá e Popó, pilotos da StockCar, a mais importante categoria do automobilismo brasileiro. Formada em comunicação social e especializada em marketing, Letícia ajudou a lapidar a imagem e a carreira dos Bueno, seja nas redes sociais ou na relação com a imprensa. Todos, sem exceção. Até o seu cão Tyke, um micro yorkshire, conta com uma página no Facebook e com mais de 90 mil curtidas.

“Para cuidar da imagem da família, tenho de colocar o afeto e o carinho mais de lado”, afirma Letícia. Além disso, ela também é responsável pela negociação do contrato do Galvão com a Globo. Sim, “do Galvão”. No dia a dia, seja por telefone ou reuniões, ela nunca chama o narrador de “pai”. “Só em ambiente familiar e olhe lá”, diz. Segundo consultores, esse comportamento é mais do que adequado. “Os herdeiros têm de saber que o nome do parente famoso é como se fosse uma empresa e deve ser tratado como tal”, afirma José Renato de Miranda, especialista em gestão familiar.

Letícia, que é casada e tem dois filhos, também é sócia do marido na agência de comunicação digital The Aubergine Panda, que atende empresas do porte de Ambev, Kroton, Bayer e da própria Rede Globo. “Algumas pessoas desconfiam que atendo a Globo pelo nome”, afirma Letícia. “O que elas não pensam é que empresas desse tamanho procuram prestadores de serviços bons e ponto”, afirma a empresária, sorrindo. Para 2015, Letícia tem planos ambiciosos. A meta é fazer com que as vendas de vinhos de seu pai cresçam 40%. Já para a agência, a expectativa é de que o faturamento aumente dos R$ 6 milhões, em 2014, para cerca de R$ 10 milhões, neste ano.