Para muitos engenheiros, físicos, matemáticos e programadores, 14 de março é o Pi-day (pronuncia-se pai dei). Quando grafada com o mês antes do dia, a data equivale ao número que inicia a dízima periódica 3.14, simbolizada pela letra grega π. Em geometria, é o perímetro sobre o diâmetro de uma circunferência. Algo a ser celebrado com uma torta (pie, em inglês). Foi num Pi-day que o vice-presidente corporativo de vendas, marketing e comunicação da Intel, Gregory ‘Greg’ Ernst, esteve no Brasil para falar sobre os ambiciosos planos da companhia, que pretende investir cerca de US$ 100 bilhões em cinco anos para expandir sua capacidade de produzir chips nos Estados Unidos e atender tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA). Estratégico para a Intel, esse investimento é tratado como uma questão de segurança nacional para o governo americano.

Tanto que o Departamento de Comércio dos EUA propôs até US$ 8,5 bilhões em financiamento direto por meio da Chips Act (Lei dos Chips) para avançar os projetos comerciais de semicondutores da Intel no Arizona, Novo México, Ohio e Oregon.

A Intel também espera se beneficiar de um Crédito Fiscal de Investimento (ITC) do Departamento do Tesouro dos EUA de até 25% sobre investimentos qualificados para empréstimos federais de até US$ 11 bilhões. A ideia é que os aportes criem mais de 10 mil empregos na companhia e quase 20 mil na construção civil.

Para a Intel, esse conjunto de notícias merece ser celebrado com bem mais que uma simples torta. Juntos, o financiamento proposto pela Chips Act e os planos anunciados anteriormente pela empresa constituem um dos maiores investimentos público-privados na indústria de semicondutores dos EUA.

Para o CEO da Intel, Pat Gelsinger, isso ajudará a garantir a permanência na vanguarda da era da IA, “à medida que construímos uma cadeia de suprimentos de semicondutores resiliente e sustentável para alimentar o futuro de nossa nação”, disse.

Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo afirmou que o anúncio é o ápice de anos de trabalho do presidente Joe Biden e dos esforços no Congresso “para garantir a segurança econômica e nacional”. Atualmente, a Intel emprega quase 55 mil pessoas nos EUA e contribui com mais de US$ 102 bilhões anuais para o PIB do país.

Módulo contendo chip fotônico de silício, criado pela Intel para suportar data centers e aplicações em velocidades mais altas de 5G (Crédito:Intel Corporation)

Em entrevista à DINHEIRO, Greg Ernst, que é também diretor-geral da Intel para a América, detalhou a estratégia da companhia, que está centrada em três elementos principais: estabelecer a liderança em tecnologia de processo; construir uma cadeia de suprimentos global de semicondutores mais resiliente e sustentável; e criar um negócio de fundição de classe mundial.

“Quando Pat Gelsinger voltou para a Intel, há três anos, nós sentamos e discutimos algumas crenças fundamentais. Uma delas: a demanda por computação continuará a crescer”, afirmou Ernst. “Naquela época, a IA estava surgindo. Precisávamos expandir nossa capacidade de produzir semicondutores e transferir a fabricação da Ásia para as Américas e Europa. Foi isso que desencadeou nossas decisões de investimento”, afirmou.

CARROS ELÉTRICOS

Um exemplo bastante ilustrativo do crescente aumento de demanda por semicondutores está no setor automotivo. Na década de 1970, apenas carros esportivos empregavam essa tecnologia, e os modelos mais avançados da época tinham no máximo oito chips.

Hoje, a média por veículo é de 3 mil semicondutores, número que salta para 7 mil em alguns carros elétricos. Esse crescimento exponencial ocorre também em outras áreas. Daí a necessidade de fornecer mais e melhores semicondutores a cada dia.

Segundo Ernst, após o ciclo de investimentos concluído, a Intel terá uma cadeia global de fornecimento de chips incomparável, não apenas em termos de unidades disponíveis como em relação à velocidade de processamento. “Durante o ano de 2023, inauguramos a nova era do PC com inteligência artificial. Com isso, levamos a IA para todos os lugares, redefinindo fundamentalmente a experiência do PC.”

(Divulgação)

“O Programa de Aceleração de Inteligência Artificial em PC da Intel viabilizará a IA em mais de 100 milhões de PCs até 2025.”
Greg Ernst, VP da INTEL

Os processadores Intel Core Ultra, voltados para notebooks, apresentam a primeira unidade de processamento neural integrada da Intel (NPU, na sigla em inglês), para aceleração de inteligência artificial com eficiência energética e inferência local no PC. Segundo Ernst, a chegada do AI PC representa um ponto de inflexão na indústria: uma era marcada pela crescente disponibilidade de software aprimorado por algoritmos de inteligência artificial e aprendizado de máquina.

“O Programa de Aceleração de Inteligência Artificial em PC da Intel viabilizará a IA em mais de 100 milhões de PCs até 2025”, disse. Segundo ele, o Brasil é um mercado estratégico para essa tecnologia por estar entre os principais mercados para aplicações digitais em setores que vão do mercado financeiro ao e-commerce.

Além de atender a essas demandas, a Intel pretende aprimorar as experiências de computação pessoal em:
efeitos de áudio,
criação de conteúdo,
jogos,
segurança,
streaming,
colaboração de vídeo e muito mais.

De acordo com o Boston Consulting Group, os PCs com IA representarão 80% do mercado até 2028.

Para atender à crescente demanda por futuros talentos em semicondutores, a Intel está conduzindo parcerias inovadoras com o governo e instituições acadêmicas. O intuito é criar um ecossistema robusto e diversificado de especialistas em semicondutores, fundamental para o sucesso de toda a indústria. Em 2022, a empresa anunciou um investimento de US$ 100 milhões para expandir as oportunidades de educação, pesquisa e treinamento da força de trabalho em semicondutores nos EUA.

PESQUISA APLICADA

Neste mês, a Intel completa 37 anos de presença no Brasil. Embora não tenha fábrica por aqui, e nem planos de abrir uma no curto prazo, a empresa é um importante fornecedor para a indústria local e planeja apoiar a inovação por meio de três Centros de Pesquisas Aplicadas (CPAs), orientados à resolução de problemas que possam ser resolvidos por meio de inteligência artificial.

• O Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde terá sede no Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e será focado na investigação de prevenção e qualidade de vida, diagnóstico, prognóstico e rastreamento, medicina terapêutica, gestão de saúde, epidemias e desastres.

• Na Bahia, o Centro de Excelência em Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial para a Indústria, no Senai/Cimatec, irá implementar uma plataforma digital aberta de ciência de dados e inteligência artificial para a indústria 4.0.

• Por fim, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo, em São Carlos (SP), receberá o centro denominado Inteligência Artificial Recriando Ambientes (Iara) que irá operar em rede com pesquisadores de todas as regiões do País no estudo de cinco setores pensados para cidades inteligentes: cibersegurança, educação, infraestrutura, meio ambiente e saúde.

Uma comprovação de que a busca de liderança da Intel no setor de tecnologia não se limita a fabricar mais chips mas também permitir que eles melhorem nossas vidas.