No segundo trimestre de 2022, mais de 10 milhões de pessoas estavam desempregadas no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado é alarmante, devido à condição de fragilidade dessa população, ampliada por um cenário econômico desfavorável. E fica ainda mais preocupante porque muitas vagas de trabalho disponíveis no mercado deixam de ser preenchidas por falta de mão de obra qualificada. Esse foi um dos motivos que levou a Fundação Bunge a criar o De Grão em Pão, programa de capacitação profissional para jovens da periferia da cidade de São Paulo. Lançado na última quinta-feira (22), o projeto é fruto da sinergia entre o agronegócio, a indústria de panificação e confeitaria e o terceiro setor.

São 15 participantes, mulheres e homens, com idade entre 18 e 29 anos e afinidade com a culinária, selecionados para uma jornada de 12 meses. Nesse período, receberão formação técnica e, literalmente, vão botar a mão na massa. Passarão por uma etapa de trabalho supervisionado em padarias associadas ao sindicato Sampapão, instituição parceira da Fundação Bunge. Também integram o projeto, conduzido pela Academia Bunge, a Harald Chocolates, o Instituto Gastronômico das Américas (IGA) e a Rede Cidadã.

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Mais do que o material necessário para os estudos e uma ajuda de custo de R$ 750 por mês, os jovens ganharam uma oportunidade que profissionais renomados não tiveram. “Na minha época escondiam o conhecimento, não compartilhavam as receitas. Aprendi com muita dureza”, disse o premiado chef Luiz Farias, um dos responsáveis pelo conteúdo do programa, que abrange desde as características de um grão de trigo à sofisticação dos equipamentos usados nessa indústria. Na visão dos próprios participantes, os benefícios vão além. O projeto lhes abriu a perspectiva de vislumbrar uma trajetória profissional que seria difícil alcançar sem tal apoio.

À primeira vista, o número de participantes pode parecer diminuto, mas a expectativa é de que essa proporção aumente muito em breve. Para o presidente do Conselho Administrativo da Fundação Bunge, Carlo Lovatelli, a característica de projeto piloto não demora a mudar, devido à enorme carência de mão de obra especializada em todo o setor. “O que falta nesse país, e muito, é a educação a partir da raiz, em todos os aspectos e em todas as áreas possíveis e imagináveis. E a cadeia produtiva de alimentos é um setor chave nesse processo”, afirmou.