Dentre os tantos desafios impostos às empresas pela pressão por boas práticas ESG, o pilar social é o que mais tem preocupado alguns executivos. As razões não são triviais. Vão desde o pouco conhecimento em como avançar na agenda de uma maneira material à organização até as enormes dificuldades de metrificar o retorno sobre o investimento. E sem esse racional, é difícil justificar o uso de recursos aos acionistas.

Ao invés de apenas internalizar o diagnóstico, uma saída para colocar ações em prática é buscar parcerias com empresas que tenham a atividade de impacto positivo como core do negócio. E esse mercado está cada vez mais estruturado.

Humanos primeiro, por favor

Segundo a Rede Global de Investimento de Impacto (GIIN, na sigla em inglês), o mercado global de investimento de impacto ultrapassou a barreira do US$ 1 trilhão no ano passado. Somente no Brasil, já existem mais de 1 mil empresas que se autodeclaram de impacto. Do total, 285 são certificadas pelo Sistema B, o que acrescenta uma camada a mais de idoneidade e credibilidade para a iniciativa.

Um exemplo pinçado neste grupo de organizações já bem estruturadas como negócio, mas ainda assim abertas a parcerias a Central da Visão. A empresa, certificada pelo Sistema B, oferece cirurgias oftalmológicas a preços mais acessíveis para quem não tem plano de saúde. Com mais de 10 mil procedimentos cirúrgicos realizados de 2019 até hoje, a companhia declara ter gerado mais de R$ 70 milhões em impacto positivo.

O dado faz parte de um relatório recém publicado pela Central. Ainda segundo o documento, 25,6% dos pacientes operados de catarata disseram ter registrado aumento de renda após o procedimento. “Voltar a enxergar tem um poder transformacional profundo em qualquer família, imagine em uma de baixa renda”, afirmou Marta Luconi, CEO da Central. Ela conta exemplos de filhos que voltaram a trabalhar após o pai voltar a enxergar, ou mesmo chefes de família que voltaram a ser produtivos após a cirurgia. Tudo mensurável, registrável e comprovável. Não há espaço para falseamento de dados.

Se associar ou apoiar iniciativas como essa ou tantas outras pode ser um encurtador na jornada ESG de grandes empresas que não têm estrutura interna para desenvolver suas ações sociais. Com o cuidado de buscar parceiras idôneas, certificadas e com uma governança sólida, executivos de RH ou de estratégias de sustentabilidade conseguem amplificar a atuação de empresas menores de alto impacto e entregar aos acionistas as necessárias planilhas para que ações socioambientalmente responsáveis sejam consideradas investimento e não apenas despesa.