As expectativas do mercado apontam a possibilidade de uma recessão global no curto prazo e um crescimento de apenas 0,5% da economia brasileira em 2023. Mas após o resultado das eleições do 1º turno no Brasil aumenta a discussão entre os economistas sobre a capacidade de a economia local apresentar um crescimento maior que o esperado.

“As contas do Brasil estão bem arrumadas. É um dos menores endividamentos em duas décadas. E por último, trata-se de uma das poucas economias no mundo que tem surpreendido em crescimento nesse ano. Entre os países do G-20 [grupo dos 20 nações mais ricas do planeta], o nosso País foi o único que teve revisão do PIB para cima”, disse Fernando Honorato, em live realizada nessa terça-feira (04/10).

Banco Mundial aumenta projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2022

Na visão de Honorato, tudo isso conta a história de um País que consegue crescer apesar do ambiente internacional desafiador. “O problema é a agenda. O PIB per capita (renda por pessoa) do País não cresce há 10 anos, está estagnado. Hoje, a China é mais rica em termos per capita que o Brasil. Nos anos 1990 (do século passado) isso era algo impensável. O que quero dizer com isso, o Brasil precisa crescer de forma sustentável. É meio jargão, mas tem que crescer com inflação baixa e juros baixos”, afirmou.

O economista lembra que o Brasil fez algumas reformas na última década, mas ainda não conseguiu superar o risco fiscal, ou seja, sinalizar que a dívida não vai crescer “muito lá na frente”. “Isso ficou marcante nas sucessivas mudanças no teto de gastos nos últimos dois anos. A primeira medida do próximo governo, seja Bolsonaro, seja o ex-presidente Lula, seria reforçar o arcabouço fiscal, ou seja, produzir regras para que a dívida se estabilize. Se isso acontecer, a gente volta a ter um mundo de juros baixos e inflação baixa e condições para o crescimento”, disse Honorato.

Já na visão da equipe de analistas do BTG Pactual formada por Álvaro Frasson,
Arthur Mota, Leonardo Paiva, Luiza Paparounis, a política monetária internacional continua sendo o grande “driver” (direcionador) de preço no curto prazo.

“O mercado promoveu uma forte reprecificação do posicionamento do Fed na curva de juros americana após novas surpresas com inflação, deixando espaço para a taxa superar 4% pela primeira vez desde 2007 – e ainda este ano. Já outros bancos centrais, caso da zona do Euro (BCE) e Reino Unido (BoE) também emitiram sinais mais duros após a deterioração das expectativas de inflação por conta da crise de energia”, relataram os analistas.

Os analistas do BTG argumentam que os BCs estão gerando uma nova rodada de deterioração nas expectativas de crescimento global e aumentando o nível de incerteza.

Por outro lado, eles observam que no Brasil, o ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) chegou ao seu fim com a manutenção em 13,75% ao ano, ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha sinalizado maior vigilância.

“O calendário eleitoral atinge o seu ápice nesse mês e deixa o apetite a risco do mercado mais volátil ao longo das próximas semanas. Ainda assim, seguimos vendo um ambiente construtivo para Brasil no médio prazo, sobretudo após a redução da incerteza envolvendo o pleito eleitoral e os cortes de juros no próximo ano”, afirmaram os analistas.

Em outras palavras, economistas e analistas possuem um fio de esperança para o crescimento do PIB no cenário  pós-eleições.