Quando a operadora de logística francesa Gefco chegou ao Brasil cerca de dez anos atrás, tinha uma só meta: atender à fábrica da Peugeot Citroën que estava sendo instalada em Porto Real (RJ). Com faturamento mundial de 2,9 bilhões de euros ao ano, ela é do mesmo grupo que a montadora francesa e foi concebida justamente para atender às necessidades da empresa. 

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Mudança de marcha: Alcântara aposta no centro de distribuição para cortar custos e dar mais agilidade à operação brasileira

Apesar disso, a partir do ano passado a Gefco brasileira intensificou a conquista de clientes em outros mercados, como fazem as filiais do resto do mundo. A meta? Reduzir a dependência da montadora e, assim, fazer com que a parcela de seu faturamento com terceiros suba de 12,5% para 20% em 2012. Até agora, a companhia operava sem um centro de distribuição (hub), mas isso vai mudar: em janeiro do ano que vem, a empresa inaugura o primeiro. São instalações de 5 mil metros quadrados em Guarulhos, bem perto do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. É com isso que ela conta para aumentar em 25% sua carga transportada, hoje na casa das 500 mil toneladas por ano. De quebra, o novo centro cria sinergias que economizam de 10% a 15% no custo da operação.

 

“Vamos poder coletar cargas mais rápido e armazená-las em estrutura própria”, disse à DINHEIRO Luiz Alcântara, diretor de operações da Gefco no Brasil. Para executar esses planos, a empresa desembolsará, nos próximos dois anos, R$ 4,7 milhões. Isso parece muito pouco diante dos resultados esperados pela diretoria: um aumento de receita da ordem de 80%, elevando o faturamento local para R$ 420 milhões até o final de 2012.

 

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Os números do setor no País explicam o interesse, investimentos e expectativas dos franceses. É que, atualmente, a cadeia de logística brasileira fatura impressionantes R$ 340 bilhões por ano, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. 

 

“A terceirização dos transportes é uma necessidade para muitas indústrias, já que programar a logística não é o principal negócio delas”, avalia Manoel Reis, coordenador do centro de logística da FGV em São Paulo.  No ano passado, entre outros contratos, a Gefco passou a atender as grandes empresas alimentícias Nutrimental e General Mills, e também o laboratório alemão B. Braun. 

 

É justamente com alimentícias e farmacêuticas que a companhia espera acumular receitas nos próximos anos, já que elas oscilam menos nas crises. “Hoje, esses serviços para terceiros representam 12,5% da nossa receita aqui, mas até 2012 essa parcela sobe para 20%”, explica Alcântara. Desse modo, a Gefco do Brasil procura se alinhar ao perfil global da companhia: no consolidado mundial, serviços para terceiros representaram 40% do faturamento de 2009.