13/11/2015 - 20:00
Poucos nomes personificam tão bem a ascensão e a queda da economia brasileira nos últimos anos quanto Eike Batista. Sua trajetória está umbilicalmente ligada ao desempenho da era Lula-Dilma, e seu fracasso espelha o modelo da gestão petista na condução das finanças públicas. Os fatos são incontestáveis. Criador do império EBX, com atuação em mineração, petróleo, gás, logística, energia, indústria naval, entre muitos outros, o empresário passou de aspirante a homem mais rico do mundo – ao mesmo tempo em que o Brasil emergia como potencial gigante da economia mundial – a um exemplo do que não fazer: mentir, esconder, mascarar.
Qualquer semelhança de comportamento com o governo federal não é mera coincidência. Vendendo promessas a investidores, sua fortuna atingiu US$ 34,5 bilhões em 2012. No início deste ano, Eike tinha um patrimônio negativo de US$ 1 bilhão. O homem que chegou a ser publicamente chamado de “orgulho do Brasil” pela presidente Dilma Rousseff, hoje enfrenta, dentro e fora do País, cobranças de dívidas, denúncias de crimes contra o mercado financeiro, de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Na terça-feira 10, a novela de Eike ganhou mais um dramático episódio.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que o bilionário às avessas está proibido de exercer, pelos próximos cinco anos, qualquer cargo administrativo ou de conselheiro em companhias de capital aberto. A decisão está relacionada ao fato de que Eike, então presidente do Conselho de Administração da petrolífera OGX, votou por meio das empresas Centennial Mining e Centennial Equity na aprovação das contas de sua própria administração referentes a 2013. Pela legislação, o acionista não pode votar em assembleia que delibere sobre aprovação de suas contas como administrador.
A Centennial Mining tinha na época 46,59% da OGX e a Centennial Equity possuía 3,58% da companhia. Trata-se, portanto, de uma manobra equivalente às pedaladas fiscais de Dilma e sua galera do barulho. A decisão da CVM, na prática, não muda nada. Nenhuma empresa em sã consciência colocaria Eike para administrar qualquer mínima parte de seu negócio. Não porque o empresário não teria competência para isso.
Os dois anos e meio que cursou de Engenharia Metalúrgica, no início dos anos de 1970, devem ter lhe garantido uma rica base acadêmica no campo da matemática e da administração. O problema é que seu currículo não transmite credibilidade em qualquer mesa de negociação. Credibilidade, aliás, é ingrediente essencial para qualquer homem de negócios – ou, evidentemente, para gestores públicos. Mais do que apenas uma história mal-sucedida, a derrocada de Eike Batista entrará para os manuais de administração como uma lição a ser diariamente estudada.
O tombo do antigo Midas brasileiro causou prejuízos a milhares de investidores, arrancou R$ 7,9 bilhões dos cofres dos bancos – incluindo o BNDES – e quebrou centenas de empresas fornecedoras. Somente o Itaú viu R$ 2,4 bilhões virarem pó com o derretimento do império EBX. No total, o estrago causado por Eike chegou a R$ 29,2 bilhões. Se vivesse em um país sério, o ex-bilionário estaria, muito provavelmente, atrás das grades. Nem dá para reclamar da recente palmada da CVM. Foi praticamente um cafuné.