Segundo o vice-presidente sênior da BYD Brasil, Alexandre Baldy, o salário de um trabalhador na China é ‘igual ou superior’ a de um trabalhador no Brasil.

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Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o executivo da BYD disse que isso foi o que mais lhe surpreendeu ao conhecer a China, dado que conhecia pouco do país asiático ao fazer suas primeiras visitas.

“O que mais me surpreendeu, dada essa falta de experiência que eu tinha sobre a China e a distância entre os países [Brasil e China] é a relação trabalhista. A gente imagina que na China o pagamento de salário é menor, que a jornada de trabalho é muito maior, só que não. O salário se não é igual, é superior ao pago a um trabalhador brasileiro e a jornada de trabalho é praticamente a mesma que nós temos aqui no Brasil”, disse.

O executivo se referiu a trabalhadores de fábricas em operação na China. Questionado sobre quais fábricas, Alexandre Baldy declarou que ‘conheceu as da BYD’, mas que acredita que o padrão seja o mesmo em todo o país asiático.

Frequentemente a China é associada a mão de obra barata e condições de trabalho exaustivas pela mídia internacional e por Organizações Não Governamentais (ONGs) como a China Labor Watch (CLW), sediada em Nova York.

Para carro elétrico vingar, precisa de política pública

Sobre a adesão de carros elétricos pela população do Brasil, Baldy comenta que é necessária a adoção de políticas públicas para que a frota de carros do país seja eletrificada.

Nesse sentido, o executivo se refere a incentivos fiscais.

“Os países que implementaram política pública para introdução de mercados de carros elétricos tiveram sucesso. Seja da esfera municipal, estadual ou federal, é a forma mais efetiva para que possamos ter sucesso mais rápido nesses mercados”, defende.

BYD tomou ‘todas as atitudes’ sobre caso de trabalho análogo à escravidão

Sobre o caso de suspeita de trabalho análogo à escravidão na fábrica em Camaçari, na Bahia, Alexandre Baldy declarou que ‘todas as atitudes necessárias foram tomadas de acordo com a legalidade, de acordo com a lei e as relações humanas e legislativas’.

Em janeiro deste ano a companhia encerrou oficialmente o contrato com a construtora chinesa Jinjiang após o resgate dos trabalhadores que ocorreu no fim do ano de 2024.

Após isso, foi contratada uma construtora brasileira ficou responsável pelos ajustes exigidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

O MPT entrou com ação contra a montadora e empresas terceirizadas ainda em maio deste ano.

‘Queremos ser uma empresa brasileira’

A empresa, que está no Brasil há cerca de uma década, quer ‘relacionamento de longo prazo’ com o mercado nacional. A fábrica de Camaçari entrará em operação no fim deste mês de junho e produzirá carros BYD Dolphin Mini e outros três modelos que serão revelados na inauguração.

No acumulado de 2024 a montadora chinesa vendeu mais de 80 mil carros no Brasil – volume que corresponde a mais da metade dos veículos de passeio que a montadora tem em solo brasileiro, que são mais de 130 mil.

“A BYD tem o compromisso de ser uma empresa brasileira, de ter respeito às leis trabalhistas e leis brasileiras, de fazer aqui uma raiz profunda de longo prazo para que o brasileiro possa confiar na empresa, confiar na marca e confiar na produção local para que possamos ter essa sensação de que uma empresa global veio para o Brasil para ser a maior e com os compromissos locais: humanos, legislativos, regulatórios, legais e de todos os aspectos”, afirma Baldy.