Considerado por muito tempo como um país impróprio para produzir vinhos de qualidade internacional, o Brasil vem, nos últimos anos, largando essa pecha. Alguns espumantes produzidos por aqui tem hoje grande prestígio, e aos poucos os tintos nacionais vão ganhando espaço no mercado externo. Junto a isso está o aumento do consumo da bebida no País, mesmo que ainda tímido. A soma destes cenários deixa claro que o Brasil se mostra um terreno fértil para investir na viticultura.

A Salton conta com todos esses fatores para – com o perdão do trocadilho – saltar em 2019, após um ótimo 2018. Os números da marca corroboram os planos. Depois de um 2017 difícil, que quebrou a sequência de bons anos, a marca voltou a crescer, e fecha este ano com crescimento de 10%, atingindo a meta de R$ 400 milhões de faturamento, resultado do trabalho da quarta geração da família Salton à frente dos negócios. Agora, o plano é aumentar o cardápio de opções e marcas da empresa, e o primeiro fruto deste novo trabalho já tem nome e garrafa.

Garrafa da Domenico Giornata
Crédito: Carol Thusek

Com o intuito explorar a experimentação em seus produtos, a quarta geração da família resolveu homenagear Antônio Domenico Salton, fundador da vinícola, ao criar a Domenico, linha que servirá como um laboratório da marca, ou um “spin-off”, nas palavras Maurício Salton, presidente da empresa.

“A marca Salton já tem sua identidade, por isso optamos por lançar esses produtos que fogem do modelo que o nosso consumidor está acostumado. Assim nasce a Domenico, criada para que possamos divulgar nossas inovações e experimentações”, explica. O primeiro produto com o novo rótulo é o Giornata, um espumante Prosecco feito com cachos selecionados. O segundo exemplar da série será engarrafado ainda este ano.

Maurício Salton, presidente da empresa
Crédito: Eduardo Benini

Além das inovações, a Domenico foca em novo público que cresce no Brasil, e que busca cada vez mais qualidade ante a quantidade. É um movimento que pode ser notado no mercado cervejeiro, mas que não se limita a ele. “Com a Domenico, o target de público é mais amplo, procurando atrair quem tem conhecimento e gosta de guardar safras, por exemplo. Queremos criar produtos que expressem o terroir de determinada região, relacionados com os consumidores que buscam algo realmente diferenciado”, explica Maurício.

Expectativas

Além da projeção de um bom 2019 e de crescimento com a nova marca, a Salton espera também uma mudança vinda de Brasília. A expectativa é de transformação na questão tributária dos vinhos. “Nos últimos 10 anos houve grande entrada  de bebidas baratas importadas, em condições que não são compatíveis com a indústria brasileira. A nossa expectativa é de haja uma maior paridade econômica”.

A viticultura hoje no Brasil emprega 100 mil pessoas, gerando cerca de R$ 2,5 bilhões em receita, em sua maioria através de agricultura familiar. Em um momento em que o produto nacional encontra sua identidade e começa a ser conhecido internacionalmente, é preciso aproveitar a onda.