A mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada quinta-feira (18), abriu um corredor para a base evangélica aliada do presidente Jair Bolsonaro, que busca bater o petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2 de outubro. Segundo o levantamento, o atual chefe do Executivo nacional ganhou sete pontos percentuais na intenção de voto de eleitores que recebem de dois a cinco salários mínimos. Para deputados ligados à igreja evangélica, a força para uma potencial virada nas intenções de voto virá desses eleitores.

Parlamentares ouvidos pela reportagem reforçaram a lealdade dos religiosos protestantes e criticaram a atuação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. “Os evangélicos nunca abandonaram o governo e vão mostrar mais uma vez a diferença que podem fazer”, comentou um deles, em condição de anonimato.

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De acordo com o Datafolha, os evangélicos representam cerca de 25% da amostra da pesquisa e entre eles o presidente alcança 49% dos votos, um salto de seis pontos percentuais na comparação com a última pesquisa, de julho.

O bom desempenho na pesquisa reflete um trabalho de base feito dentro dos centros religiosos, com pastores falando sobre eleições com os fiéis e indicando Bolsonaro como a alternativa mais viável. Soma-se a isso as conversas de WhatsApp e boca a boca acerca de um interesse do PT em fechar igrejas evangélicas.

Não há, no entanto, qualquer menção sobre esta possibilidade no plano de governo petista, nem registro de Lula tratando deste tema. O assunto ganhou ainda mais repercussão depois de uma publicação do deputado Marco Feliciano  indicando que haveria retaliações aos evangélicos caso Lula fosse eleito. O PT, inclusive, já acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para exigir que a publicação seja apagada.

Quem também ganha destaque nessa onda evangélica de popularidade do presidente é a primeira-dama, Michelle, que tem subido nos palanques religiosos para engrossar a campanha de seu marido. Michele, inclusive, angariou no último mês mais seguidores nas redes sociais que os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) juntos (160 mil dela contra 95 mil da soma dos candidatos).

Na amostragem completa, Lula ainda caminha com 15 pontos de vantagem de Bolsonaro, somando 47% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro. A distância, porém, já foi maior. Em maio era de 21 pontos. O petista ainda segue dentro da margem de erro para ceifar o pleito no primeiro turno. Entre os votos válidos, Lula teria 51% dos votos.

Se confirmado nas próximas pesquisas essa curva ascendente dos evangélicos, a mudança de rota de Bolsonaro precisará ser clara. Há dentro da comunidade religiosa alguma frustração com o atual presidente, que conseguiu avançar pouco em pautas de costume que são caras a esse perfil de eleitor. Caso reeleito, Bolsonaro precisará falar ainda mais vezes “amém”.