16/02/2001 - 8:00
Péssima notícia para os donos de carros importados de luxo: nunca ocorreram tantos roubos desses modelos como nos últimos dois anos. De cada cem, seis são roubados ? o dobro do registrado entre os nacionais. No início do mês, o craque Ronaldinho, do Internazionale de Milão, ficou sem sua BMW. O automóvel tinha um dispositivo de rastreamento e acabou sendo recuperado uma hora depois. O número de roubos tem crescido tanto que agora as seguradoras estão negando propostas. Isso mesmo, as empresas preferem perder cliente do que correr o risco de uma despesa estratosférica. Quando não negam, fazem exigências e impõem restrições. ?Muitas não seguram o valor total do carro?, diz Leôncio de Arruda, presidente da Federação Nacional de Corretores (Fenacor). ?E não aceitam propostas de um cliente desconhecido.? Isso vale, principalmente, para modelos de Mercedes, Hilux (Toyota), Cherokee e BMW. Um pesadelo para quem sonha com um luxuoso na garagem.
Na Porto Seguro, qualquer proposta com valor superior a R$ 160 mil precisa ser bem analisada antes da aprovação. ?Em alguns casos aceitamos, em outros não?, afirma Luiz Pomarole, diretor da Porto. ?Quando aprovamos, definimos taxa especial que varia de 10% a 15%.? A taxa usual de um seguro de carro é de 6% a 8%. Na Real Seguros, o limite para aprovação imediata é ainda menor. Acima de R$ 120 mil, qualquer proposta precisa de aprovação de um diretor. ?Nós ainda não estamos com uma política tão restritiva?, afirma Maurício Accioly, vice-presidente da divisão de carros da Real. ?Mas estamos acompanhando o aumento de assaltos.?
Isso não significa que alguém que nunca foi cliente de uma seguradora e que resolva comprar uma Mercedes vá ficar sem seguro. Tudo depende da seqüência de roubos registrados naquela empresa. Uma seguradora pode considerar de risco uma proposta de uma BMW na capital carioca e aceitar uma do mesmo carro em Maceió, por exemplo. ?São Paulo e Rio são as capitais com maior incidência de assalto hoje?, explica Júlio Avelar, vice-presidente da Sul América. Além de toda a pesquisa de cadastro, a Sul América incentiva a instalação de rastreadores via satélite. O equipamento custa cerca de R$ 3 mil. Em troca, a empresa dá desconto de até 25%. O seguro de uma BMW como a do Ronaldinho, de R$ 170 mil, custa R$ 16 mil. Com a colocação do equipamento, o preço diminui para R$ 12 mil. ?Até financeiramente vale a pena?, defende Avelar. Aliás, munir o carro de dispositivos de segurança é uma forma de garantir a aceitação da proposta. A Porto Seguro nem cobra para instalar um dispositivo de corte de ignição e a colocação de placas metálicas com número de chassi para evitar desmanche.