21/09/2022 - 12:07
O líder populista Matteo Salvini, um inimigo ferrenho dos migrantes, que atuou, em 2018, com mão pesada como vice-chefe de governo e ministro do Interior, virou uma estrela em declínio às vésperas das eleições legislativas de domingo (25).
Este milanês de 49 anos, que transformou a Liga (antiga Liga Norte) em um partido nacionalista de sucesso, superando seu aliado Silvio Berlusconi nas urnas, é agora um líder desgastado da coalizão de direita liderada pelo partido da pós-fascista Giorgia Meloni, Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália).
Sua queda vertiginosa em comparação ao pleito de 2018, de 34% para 17%, deve-se ao fato de seu eleitorado ter-se voltado para Meloni, incomodado com suas inúmeras contradições. Salvini foi, inclusive, obrigado a se desculpar por seu antigo apoio a Vladimir Putin, devido à guerra na Ucrânia.
Assim como Meloni, Salvini defende uma política nacionalista, eurocética e anti-imigração, mas sua participação nos diferentes governos que se sucederam desde 2018 decepcionou muitos de seus seguidores.
Filho de um empresário e de uma dona de casa, Salvini nasceu e cresceu em Milão, capital da Lombardia, onde frequentou a escola católica, foi escoteiro, acompanhou os jogos do Milan e iniciou sua atividade política. Aos 17 anos, começou a militar na Liga Norte e foi eleito vereador de Milão aos 20 anos.
Depois disso, começou a trabalhar como jornalista no veículo “La Padania” e na emissora de rádio Padania Libera, ambos ligados ao seu partido, onde desenvolveu uma eficaz habilidade oratória. Em 2004, o eurocético Salvini entrou no Parlamento Europeu.
À medida que sua figura ascendia, seu partido afundava, porém.
Doente e envolvido em um escândalo de corrupção, seu chefe e fundador, Umberto Bossi, foi afastado do cargo em 2012. Nas eleições legislativas de 2013, o partido obteve pífios 4% dos votos. Ao chegar à liderança do partido em 2013, Salvini mudou seu discurso, dirigindo-o contra Bruxelas.
– “Com o povo” –
Averso a ternos e gravatas, sempre irritado e com uma postura inflexível, Salvini rapidamente se tornou onipresente na mídia, com um tom direto, arrogante e longe do politicamente correto.
Aliado à Frente Nacional francesa de Marine Le Pen e grande admirador de Donald Trump, o presidente da Liga costuma se voltar contra os imigrantes, o Islã, o euro e a união entre pessoas do mesmo sexo.
“Já ouvi de tudo. Que sou um criminoso, um racista, um fascista”, diz com frequência.
Mas “sou mais um comunista antiquado, conheço mais fábricas do que essa gente [de esquerda] que só se junta com banqueiros”.
Ele também se apresenta como defensor dos valores cristãos, apesar de sua agitada vida privada e de suas críticas ao papa Francisco por suas posições sobre os imigrantes.
Tem dois filhos e está há dois anos com a filha de um polêmico político toscano.
Entre suas medidas como ministro do Interior, aboliu os vistos de residência humanitária, ampliou o conceito de legítima defesa, reduziu a idade de aposentadoria e reforçou os serviços policiais.
Além de onipresente na imprensa, costuma publicar nas redes sociais fotos de suas atividades, encontros, bailes na praia e até de suas refeições.
No ano passado, Salvini participou de uma reunião com vários líderes de extrema direita, incluindo o húngaro Viktor Orban e a francesa Le Pen, para discutir planos de “reforma” da União Europeia.
Contrário às sanções ocidentais contra a Rússia, por considerá-las ineficazes, diverge de Meloni nesse tema, uma das muitas diferenças que pesarão nas urnas.