28/02/2022 - 16:08
Rússia e Ucrânia iniciaram negociações para o cessar-fogo nesta segunda-feira (28). Oficiais dos exércitos russo e ucraniano se encontraram perto da fronteira da Bielo-Rússia. Enquanto isso, as tropas russas vêm enfrentando uma resistência inesperada em cidades menores da Ucrânia, onde exército e civis mantêm suas posições para defender o país. Não há dúvidas de que o conflito será breve, dada a disparidade de forças. Porém, mesmo depois de disparado o último tiro, o ataque à Rússia deverá continuar, desta vez no front econômico.
Apesar de não terem apoiado militarmente a Ucrânia, Estados Unidos e Europa lançaram sanções econômicas pesadas contra a Rússia. O banco central russo e as demais instituições financeiras foram cortadas da plataforma de remessas financeiras Swift, que integra bancos em diversos países. Na prática, esse desligamento desconectou o sistema financeiro russo da rede global.
O governo inglês impediu a venda de títulos públicos e privados russos no mercado britânico e também congelou os ativos de bilionários russos. Em geral, esses oligarcas têm vínculos fortes com o governo russo e costumam investir no Reino Unido, mais próximo geograficamente (e mais tolerante em termos regulatórios) do que o mercado americano. Daí o apelido “LondresGrado” à capital inglesa, como se a sede do governo britânico fosse uma cidade russa.
Os impactos iniciais foram uma forte queda dos mercados. O índice americano S&P 500 está em baixa de 1%, e as quedas dos índices europeus oscilam entre 1,5% em Londres e 3% em Milão.
O rublo desabou. A cotação do dólar subiu de 83 rublos na sexta-feira (25) para 120 rublos na segunda-feira, o que obrigou o Banco Central da Rússia a elevar os juros de 9,5% ao ano para 20%, de modo a tentar conter a especulação.
E já se podem sentir os efeitos sobre a economia real. Na segunda-feira, a Rosaviatsia, autoridade que regula o espaço aéreo, proibiu empresas de 36 países de voar sobre o território russo, medida que deverá afetar os resultados do setor como um todo.
Segundo o sócio da empresa de análise independente Nord, Renato Breia, o impacto das medidas será sentido por toda a economia, apesar de o conflito aparentar ser breve. “Haverá um impacto ‘de segunda derivada’, com altas nos preços das commodities e da energia e renovação dos problemas nas cadeias produtivas globais”, disse ele.