Uma greve silenciosa com ampla adesão, novas sanções internacionais e uma investigação da ONU por crimes contra a humanidade são algumas reações no mundo ao primeiro aniversário do golpe militar em Mianmar.

– “O inferno” –

“Vivemos no inferno (…) Temos (constantemente) que pensar em nossa vida cotidiana sob esta ditadura, mas que em nossos objetivos, nossos sonhos para o futuro”, declarou em um mercado de Yangon Htoo Aung, que não revelou o verdadeiro nome por medo de represálias.

– “Milhões de birmaneses precisam de ajuda humanitária” –

“Mais de 14 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, a economia está em crise, as conquistas democráticas foram perdidas e o conflito está se propagando por todo o país”, afirmaram em um comunicado conjunto União Europeia, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Coreia do Sul.

“Reiteramos nosso pedido ao regime militar para que acabe imediatamente com o estado de emergência, autorize o acesso humanitário sem obstáculos, liberte as pessoas detidas de forma arbitrária e reconduza rapidamente o país a um processo democrático”

– “Crimes de guerra” –

“Os relatórios recebidos no ano passado sugerem que mais de 1.000 pessoas foram assassinadas em circunstâncias que podem ser qualificadas como crimes contra a humanidade ou crimes de guerra”, afirmou em comunicado Nicholas Koumjian, diretor do Mecanismo de Investigação Independente das Nações Unidas para Mianmar.

“A justiça internacional tem uma memória muito longa e um dia os autores dos mais graves crimes internacionais cometidos em Mianmar serão responsabilizados”, alertou, antes de destacar que os investigadores da ONU estão acompanhando os acontecimentos “muito de perto”.

– Sanções –

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, aproveitou o aniversário para aumentar a pressão sobre o regime, com novas sanções financeiras direcionadas a autoridades birmanesas.

As sanções foram adotadas em coordenação com Reino Unido e Canadá e afetam os principais funcionários os principais funcionários judiciais do país: o procurador-geral Thida Oo, o presidente da Suprema Corte Tun Tun Oo e o chefe da comissão anticorrupção Tin Oo.

– “Guerra civil inevitável” –

“Mianmar está no limite do colapso”, advertiu Catherine Renshaw, professora da Universidade Ocidental de Sydney.

“A cada semana que passa, o sofrimento é maior, as críticas se acumulam e a desconfiança entre o exército e os opositores aumenta. Uma guerra civil em grande escala parece inevitável.”

– “O silêncio é um grito” –

“O silêncio é o grito mais forte que podemos dar contra os soldados e a violenta repressão”, escreveu uma opositora no Twitter. As ruas e estabelecimentos comerciais estavam vazios em todo o país.

“Nosso futuro é mais promissor que nosso passado (…) Peço a todos que defendam o que é justo para o povo e façam o necessário para o bem da população de Mianmar”, tuitou Thinzar Shunlei Yi, uma ativista pró-democracia.

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