02/02/2001 - 8:00
Quando se faz referência a um bom vendedor costuma-se usar a expressão ?ele vende geladeira até para esquimó?. E não é que uma empresa do Brasil conseguiu vender sandália para as mulheres do Alasca. A proeza é da gaúcha Azaléia. Fundada há 42 anos, a companhia é dona da marca de calçados brasileiros mais vendidos no mundo. Está entre os cinco maiores fabricantes de sapatos, tem presença em 60 países e quer chegar a 80 até o fim de 2001. Além de boa participação no mercado norte-americano (só nos EUA aparece nas vitrines de 5,2 mil pontos-de-venda) e na América Latina, conquistou espaço em países como a República Tcheca e Emirados Árabes. Até os chineses, grandes concorrentes dos calçados brasileiros, compram da Azaléia desde o ano passado. Com a efervescência do comércio exterior, já se fala em construir a primeira fábrica fora do Brasil. Os potenciais candidatos seriam a Argentina e o México, este último com mais chances por causa da proximidade com os EUA.
Para o Brasil, segundo Gumercindo Moraes Neto, diretor de marketing, a estratégia é manter a liderança nos três segmentos onde atua: calçados femininos mais caros, com a grife Azaléia; sandálias para as classes C e D e produtos esportivos com a Olimpikus, que virou um case no setor. Conhecido durante anos como tênis escolar, o Olimpikus sumiu do mercado. A Azaléia esperou quatro anos até que, em 1994, foi relançado com uma nova missão: ser sinônimo de material esportivo. Hoje, sete anos depois, o tênis Olimpikus é o mais vendido no Brasil (cerca de 11% de participação, segundo a empresa), à frente de Nike e Adidas. Além disso, conseguiu formar um portfólio com mais de 120 produtos, que vão de chinelos a roupa de ginástica com alta tecnologia. O nadador Gustavo Borges, por exemplo, usou na Olimpíada de Sydney, na Austrália, a linha HydroAction, uma roupa que reduz a aderência na água e, molhada, reproduz desenhos que lembram escamas de peixe.
As previsões do grupo indicam crescimento de vendas de cerca de 10% em 2001, passando de R$ 657 milhões para R$ 720 milhões. A produção, assim, irá passar de 150 mil para 165 mil pares por dia para abastecer 18 mil pontos-de-venda encontrados em praticamente todos os municípios do Brasil. Sem esquecer, é claro, do promissor mercado exterior, incluindo aí até os esquimós.