O bombardeio russo que destruiu parcialmente a sede do governo regional em Mykolaiv, nesta terça-feira (29), surpreendeu a população desta cidade estratégica do sul da Ucrânia, após vários dias de relativa calmaria.

Pelo menos sete pessoas morreram, e outras 22 ficaram feridas, informou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Dois jornalistas da AFP viram dois corpos sendo retirados: o de um homem uniformizado, e o de uma idosa. Em meio aos escombros, os socorristas tentavam retirar vítimas e sobreviventes do prédio.

Mais cedo, em sua página no Facebook, o governador regional, Vitaly Kim, havia afirmado que as equipes de resgate buscavam “oito civis e três militares” e que a maioria das pessoas dentro do prédio na hora do bombardeio estava viva.

O ataque interrompeu uma relativa calma nesta cidade perto de Odessa, o maior porto ucraniano situado no sudoeste do país.

Há vários dias, a linha de frente se deslocou para o sudeste, nos arredores de Kherson. Esta é a única cidade importante tomada pelos russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.

– ‘Vingar-se da resistência’ –

O ataque abalou um conjunto residencial ao lado da sede do governo regional. Alguns dos moradores, vestidos de roupa de dormir, observavam os danos, enquanto conversavam entre si. Yelena Dolguikh, de 65 anos, conta que estava preparando o café da manhã, quando o bombardeio aconteceu.

“Desci como estava. Peguei apenas meus documentos e meu cachorro”, disse ela, com um sacola de plástico debaixo do braço.

Svetlana Fedorenko cortou a mão, ao recolher estilhaços de vidro da varanda e da cozinha, embora garanta já ter vivido situações piores.

“Putin tem Zelensky e o governador Kim como alvo, porque eles estão apoiando o moral da população e dos nossos soldados”, afirmou.

“Quer se vingar da resistência de Mykolaiv que o impede de chegar a Odessa”, acrescenta.

Os russos “se deram conta de que não podiam tomar Mykolaiv e decidiram me cumprimentar, cumprimentar todos nós”, ironizou o governador, anunciando que seu gabinete foi atingido.

“Dá medo. Tivemos sorte aqui. Não houve tantas explosões no centro da cidade”, como em outras partes da Ucrânia, comentou Donald, um canadense aposentado de 69 anos que mora nesta área.

Ontem, Mykolaiv celebrou o 78º aniversário de sua libertação pelo Exército Vermelho. Na avenida central, um monumento em sua homenagem acaba de ser remodelado.

“É o dia da libertação de Mykolaiv dos invasores fascistas. E agora estamos libertando a região dos invasores russos”, destacou Vitaly Kim em um vídeo transmitido nas redes sociais.

“Expulsamos os nazistas em 1944. Não daremos aos fascistas russos uma oportunidade em 2022”, disse o Ministério ucraniano da Defesa ucraniano em um comunicado divulgado na segunda-feira (28), em referência ao 78º aniversário.