09/02/2023 - 17:02
SÃO PAULO (Reuters) – O Santander Brasil revisou para cima nesta quinta-feira suas projeções para os patamares de inflação e taxa de juros até 2025, chamando a atenção para incertezas relacionadas à aprovação de reformas macroeconômicas e riscos para a estabilização da dívida pública.
O IPCA deve encerrar 2023 com alta de 5,9%, estima o Santander, contra 5,4% estimados antes. Para o ano que vem, a projeção de inflação subiu a 3,7%, ante 3,5%.
“A revisão (de 2023) foi baseada em um aumento da inflação esperada de preços administrados, por conta de efeitos-base gerados pelo fato de não termos alterado nossa projeção de (preço do) petróleo ao fim de 2023”, disseram em relatório Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, e equipe. Para 2024, a revisão refletiu efeitos inerciais de uma inflação mais alta em 2023.
Já para 2025, o banco elevou seu prognóstico de inflação em 1 ponto percentual completo, a 4,0%.
“A mudança reflete incertezas relacionadas à aprovação de reformas estruturais e seus efeitos nas expectativas de inflação, em um contexto de hiato do produto apertado”, avaliaram Vescovi e equipe no documento, embora tenham ressalvado que “tal condição pode melhorar em caso de aprovação bem-sucedida de um arcabouço fiscal e uma reforma tributária eficazes”.
Com expectativa de uma inflação mais alta, o Santander passou a enxergar a taxa Selic em 13,00% ao final de 2023, contra 12% previstos em cenário anterior. A taxa está atualmente em 13,75%.
“Estamos alterando nossas projeções para a taxa de juros, antevendo o início de um ciclo de cortes a partir de novembro (antes: agosto)”, disseram Vescovi e equipe, notando “maior preocupação (do BC) com os riscos inflacionários”. Para 2024 e 2025, o Santander passou a projetar a Selic em 11,00% e 8,00%, respectivamente, contra previsões anteriores de 9,00% e 7,00%.
Na frente fiscal, Vescovi e equipe afirmaram que, “no longo prazo, seguimos vendo um caminho arriscado para a estabilização da dívida, em um contexto de elevada pressão por gastos sociais e resistências para aumentos de impostos”.
O Santander espera que a dívida bruta encerre este ano em 78,8% do PIB, mas cresça para 83,4% e 86,7%, respectivamente, em 2024 e 2025.
(Por Luana Maria Benedito)