O Santander analisa espaço para um avanço mais robusto na Bolsa brasileira este ano, projetando que o Ibovespa atingirá a marca de 160 mil pontos. A estrategista institucional de ações do banco, Aline de Souza Cardoso, destaca que, apesar da entrada de capital estrangeiro, a participação dos investidores domésticos é essencial para atingir o alvo de preço.

“A consolidação do índice e um aumento mais expressivo na Bolsa requerem o retorno do fluxo local e a alocação de investidores institucionais”, afirmou em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira.

De acordo com a B3, os investidores estrangeiros aportaram R$ 17,373 bilhões na Bolsa em dezembro, registrando um saldo positivo de R$ 44,765 bilhões em 2023. Em contrapartida, os investidores institucionais retiraram R$ 12,45 bilhões em dezembro, resultando em um saldo negativo de R$ 64,87 bilhões no acumulado do ano passado.

A estrategista acredita em um potencial de valorização de aproximadamente 25% para o Ibovespa até o final de 2024. Ela enfatiza que, no preço-alvo estabelecido, o índice seria negociado a uma relação preço/lucro (P/L) de 9 vezes.

Além da entrada de capital local, Cardoso destaca a visão positiva ao considerar um ciclo contínuo de flexibilização da taxa de juros pelo Banco Central (BC), com a taxa Selic atingindo 9,5% até o final de 2024. Ela também menciona a crescente probabilidade de um pouso suave (soft landing) na economia dos Estados Unidos, levando o Federal Reserve (Fed, o BC americano) a reduzir os juros no segundo semestre deste ano.

A estrategista ressalta, no entanto, que há riscos, incluindo a possibilidade de uma deterioração fiscal no Brasil, uma postura mais expansionista nos gastos ou uma perda de credibilidade mais ampla no processo de ancoragem fiscal.

No cenário internacional, Cardoso aponta o risco de pressões inflacionárias nos Estados Unidos, que poderiam resultar em um aperto monetário mais rigoroso ou até mesmo em um estresse financeiro, agravando a desaceleração econômica global.

Para respaldar a visão otimista sobre o desempenho do Ibovespa, a analista do Santander destaca que o pior em termos de crescimento do Lucro por Ação (LPA) já passou. Após uma queda de cerca de 20% em 2023, espera-se uma recuperação de 15% em 2024, principalmente liderada por empresas nacionais.

O Santander prevê que o setor de educação registre um crescimento de 178% no lucro líquido em 2024, seguido por transporte (+91%) e varejo (+89%). No entanto, a analista alerta para questões idiossincráticas em cada setor, como o cenário regulatório para os bancos, possíveis limitações nos juros do rotativo do cartão e mudanças nos benefícios fiscais de JCP, além de repercussões nas alterações dos incentivos fiscais para varejistas e a intensificação da concorrência transfronteiriça, juntamente com atualizações regulatórias nos setores de energia e saneamento básico.