O Santander Brasil entra nesta terça-feira, 5, na disputa das contas globais puxada pelas fintechs e engrossada pelos grandes bancos. A instituição começa a oferecer a conta Select Global, aberta via canais digitais e que oferece um cartão de débito de uso internacional com bandeira Mastercard, além de menores custos para converter reais em dólares.

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Esse tipo de conta começou a aparecer no setor através de fintechs e bancos digitais, um movimento que foi engrossado com bancos tradicionais em seguida. O Santander acredita que tem uma grande vantagem nesse campo: a presença global.

“Brincamos que esse território é nosso por direito”, afirma o diretor de Pessoa Física e Investimentos do banco, Geraldo Rodrigues Neto. “Sendo o único grande banco internacional com operação de varejo no Brasil, estamos ocupando um território que é nosso por direito.”

A Select Global é destinada a clientes do Santander, e é integrada à conta que possuem no Brasil. O usuário pode transferir dinheiro de uma à outra, com cotação de dólar comercial e imposto sobre operações financeiras (IOF), de 1,1%, contra os 5,38% cobrados em compras com cartão de crédito internacional.

Apesar de carregar o nome do segmento de alta renda do varejo do Santander, a conta pode ser aberta por qualquer cliente, mas os dos segmentos Van Gogh e Especial, de média e baixa renda, precisam transferir no mínimo US$ 50 (cerca de R$ 250) para solicitar o cartão. A quantia transferida fica disponível para uso após a ativação.

A conta permite sacar dinheiro com isenção de tarifa nos caixas eletrônicos do banco em todo o mundo. O cartão de débito pode ser incluído na carteira digital do Google, disponível em celulares com sistema operacional Android.

Além da transferência para compras e operações no exterior, a conta está associada ao Esfera, programa de fidelidade do conglomerado, que concede descontos de até 70% em mais de 220 empresas nos Estados Unidos, do aluguel de carros ao entretenimento. Também dá acesso ao Priceless, programa de fidelidade da Mastercard.

O Santander espera atingir o público que viaja ou faz compras no exterior, independente do patamar de renda. Atualmente, o cliente do banco que vai para fora compra dólares para levar em espécie, ou então, usa as contas digitais de outras instituições. “Temos certeza de que temos uma oferta com a conta bem mais atrativa”, afirma Neto.

Evoluções

No futuro, o Santander acredita que será possível ir além do aspecto transacional, permitindo que os usuários da conta internacional façam investimentos diretamente no exterior. Hoje, os clientes do Select e do private (aqueles que têm mais de R$ 5 milhões em investimentos custodiados pelo banco) conseguem investir lá fora, enquanto os demais podem comprar fundos estratégia locais que aplicam em estratégias internacionais.

“Temos a ambição de criar outros diferenciais ao longo do primeiro trimestre, para a partir daí começarmos uma agenda mais intensa de democratizar o investimento offshore fora do Brasil”, diz o diretor.

Outros públicos também estão nos planos da “ofensiva global”. A chefe de estratégia Select, Maria Fernanda, diz que a conta internacional era a peça que faltava no atendimento aos brasileiros que têm algum tipo de relacionamento financeiro com o exterior. À frente, o banco quer ampliar o leque para o cliente estrangeiro que está no País.

“Estamos trabalhando para viabilizar um atendimento diferenciado para clientes estrangeiros que moram no Brasil, e que precisam de atendimento em inglês ou em mandarim. Há muitas empresas multinacionais que buscam por esse serviço”, afirma a executiva. Hoje, os clientes brasileiros do banco podem abrir conta em dez países em que o Santander opera, o que inclui Espanha, EUA, Argentina e Portugal.