O Governo de São Paulo anunciou hoje (21) que os municípios do estado que aplicaram a primeira dose da Fiocruz/AstraZeneca/Oxford em gestantes e puérperas estão autorizados a concluir o esquema vacinal com a segunda dose com imunizante da Pfizer.

“A medida passa a valer a partir desta sexta-feira, dia 23, e é válida a todas as gestantes e puérperas que tomaram primeira dose da AstraZeneca e que poderão tomar a segunda dose da Pfizer”, disse o vice-governador Rodrigo Garcia. Essa decisão favorece grávidas e puérperas que ainda precisariam esperar a conclusão do período puerpério – 45 dias após o parto – para só então receber a segunda dose da vacina da AstraZeneca.

Agora, as grávidas não precisarão mais esperar o período de um mês e meio depois do parto para estarem protegidas. Pactuada com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), a estratégia permite que os gestores do SUS de São Paulo apliquem a vacina da Pfizer em 12 semanas, mediante termo de ciência, nas mulheres que já receberam o imunizante da AstraZeneca.

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“A gente pede que essas gestantes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca verifiquem seu cartão vacinal. Então, procure a unidade básica de saúde, de preferência onde já tomou a sua primeira dose para, no prazo, tomar a segunda dose da vacina da Pfizer”, disse a coordenadora geral do Plano Estadual de Imunização (PEI ), Regiane de Paula.

Estes grupos de mulheres foram incluídos na campanha em maio, período em que o Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, suspendeu o uso dessa vacina para estes públicos. A decisão foi embasada em estudos que demonstraram boa proteção com a chamada “intercambialidade” de vacinas desses dois laboratórios, e está em conformidade com recomendações da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações (CPAI) e do Centro de Contingência do Coronavírus.

Desde maio, 8,8 mil grávidas e puérperas receberam a primeira dose da AstraZeneca e poderão retornar aos postos de saúde para completar o esquema vacinal e o PEI disponibilizará vacinas da Pfizer para a segunda dose destas mulheres. Em toda a campanha, 229 mil delas já iniciaram o esquema e 34,6 mil já estão completamente imunizadas.

De acordo com a Sogesp, na comparação entre os anos 2020 e 2021, a mortalidade materna semanal aumentou em 334% e a mortalidade da população geral aumentou em 110%, confirmando os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de que gestantes constituem grupo de maior risco de intubação orotraqueal, de internação em Unidades de Terapia Intensiva e de óbito. No Estado de São Paulo, foram registradas 80 mortes maternas por Covid-19 em 2020 e 236 mortes em 2021, ou seja, 1,7 óbitos por semana em 2020 e 8,7 óbitos por semana em 2021.

No Brasil, aproximadamente 15 mil mulheres que tomaram a primeira dose da Oxford/AstraZeneca durante a gestação ou se tornaram gestantes após o recebimento da primeira dose.

Por causa do expressivo aumento da mortalidade materna no Brasil, no Estado de São Paulo e dos dados disponíveis atualmente, a Sogesp recomenda que seja disponibilizada para todas as mulheres que estejam gestantes ou puérperas no estado e que receberam a primeira dose da vacina contra Covid-19 Oxford/AstraZeneca, a possibilidade de completar o esquema vacinal com a Pfizer Biontech ou, na indisponibilidade desta, com a vacina Butantan/Sinovac (Coronavac), a ser administrada em intervalo de no mínimo 8 semanas após a primeira dose.

A Sogesp também recomenda que não seja exigido relatório ou prescrição médica ou qualquer outro documento além dos que comprovam a gestação ou o puerpério, assim como ocorre na vacinação contra gripe e outras.

“A recomendação é completar o esquema vacinal de quem recebeu a primeira dose da AstraZeneca com Coronavac ou Pfizer respeitando o prazo entre as doses. O Plano Nacional de Imunização quer que as gestantes aguardem o pós-parto e recebam AstraZeneca no puerpério. A Sogesp orienta a intercambialidade entre as vacinas de gestantes com apenas uma dose da AstraZeneca”, diz nota da Associação.