Ainda se recuperando da eliminação do Campeonato Paulista pelo Penapolense, o São Paulo Futebol Clube tem, pelo menos, um alento fora de campo: encerrou 2013 com um lucro de R$ 23,524 milhões. A cifra é uma goleada sobre os R$ 826 mil com que fechou o ano retrasado. Por ser uma associação civil sem fins econômicos, os ganhos são classificados, no jargão da contabilidade, como superávit.

No caso do São Paulo, o resultado foi 28 vezes maior que o de 2012, e foi puxado sobretudo pela venda do meia Lucas para o Paris Saint-Germain. Embora o negócio tenha sido anunciado em outubro de 2012, o dinheiro dos franceses só entrou no caixa do São Paulo no ano passado, já que o atleta só se apresentou ao clube francês em janeiro de 2013. Dos R$ 108,3 milhões pelos quais foi negociado, o São Paulo recebeu R$ 86,5 milhões líquidos. A transferência entrou para a história como a maior transação de um atleta brasileiro, batendo o recorde anterior, a do meia Oscar para o Chelsea por cerca de R$ 79 milhões.

O acordo bombou as receitas geradas pelo futebol profissional e de base do clube. No ano passado, essa linha somou R$ 305,763 milhões para o clube. Desse total, R$ 147,952 milhões vieram da negociação de atletas – seja venda, empréstimos ou outras formas de colaboração. Para se ter uma ideia, é o dobro do que o clube conseguiu com os direitos de transmissão de TV, sua segunda maior fonte de receita.

Base de lucros

No comunicado que acompanha as demonstrações financeiras, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, destacou os bons lucros de formar atletas nas categorias de base para negociá-los. Segundo ele, entre 2006 e 2013, o clube investiu R$ 127,708 milhões nas categorias de base. A receita gerada pela negociação desses jogadores foi de R$ 223,369 milhões – o que representa uma margem de 75%.

É verdade que, neste período, as receitas superaram os investimentos em apenas quatro anos: 2006, 2007, 2010 e 2013, com destaque para este último, justamente devido à venda de Lucas. Somente no ano passado, o São Paulo obteve R$ 110,367 milhões com os jogadores, ante investimentos de R$ 27,266 milhões.

As outras linhas do balanço são mais modestas. A receita gerada pela parte social e de esportes amadores ficou em R$ 27,292 milhões. Já o estádio rendeu R$ 29,777 milhões, entre camarotes, cadeiras cativas, publicidade e aluguéis. Proporcionalmente, aliás, o estádio é o que apresenta a maior “margem de lucro” do São Paulo, já que demandou gastos de R$ 14,953 milhões, o que significou um lucro operacional de R$ 14,824 milhões. O total de despesas operacionais do São Paulo foi de R$ 339,308 milhões.

Depois da desclassificação para o Penapolense e dos lucros que ajudou a gerar para o São Paulo no ano passado, é possível que alguns torcedores ainda sintam saudades de Lucas no clube.