São Paulo lidera o ranking geral das melhores cidades para empreender no Brasil. Maior centro financeiro e mais rica cidade do Brasil, a capital paulista, porém, ficou de fora do topo da lista dos 10 municípios com melhor capital humano (está apenas na 52ª posição nesse quesito), conforme o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) de 2023, pesquisa produzida anualmente pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) do governo, com apoio da Endeavor.

O ICE é o principal raio-x do ambiente de negócios no Brasil. Ele avalia os 101 municípios mais populosos do País desde 2014. A pesquisa apontou que as 10 melhores cidades do Brasil para empreender são: São Paulo, Florianópolis, Joinville, Brasília, Niterói, Boa Vista, Curitiba, Rio de Janeiro, Macapá e Goiânia.

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Desse grupo, apenas Florianópolis está no Top 10 dos municípios com melhor capital humano. Depois da capital de Santa Catarina, as cidades com melhor capital humano são Vitória (SC), Santa Maria (RS), Porto Alegre (RS), Bauru (SP), Vila Velha (ES), Limeira (SP), Niterói (RJ), Teresina (PI) e Santo André (SP).

CAPITAL HUMANO

O capital humano é um dos sete fatores analisados pela pesquisa para fazer o ranking geral. Segundo Arnaldo Mauerberg Junior, um dos pesquisadores que elaboraram o ICE, trata-se de uma forma de mensurar a qualidade da mão de obra numa cidade. Ele explicou que o foco usado nos dados são indicadores na área de educação básica e fundamental, superior e níveis de mercado de trabalho.

Entre esses indicadores, estão o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), as notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), a proporção de adultos que concluíram o ensino médio, taxa de adultos que terminaram o curso superior, proporção de cursos com nota 5 no Enade (ferramenta de avaliação dos cursos superiores) e o custo médio dos salários dos dirigentes. Segundo ele, esse último indicador tem um efeito inverso no ICE, porque, quanto maior o salário dos dirigentes, menor é o incentivo para a pessoa empreender no município.

O pesquisador explicou que o que acaba penalizando São Paulo é o custo dos salários dos dirigentes, o mais alto do País. De acordo com ele, no caso de São Paulo é menos por conta dos indicadores educacionais propriamente ditos, já que capital paulista está entre os 30% melhores do País.

“Um dos grandes avanços que a análise econômica passou nas últimas décadas foi o reconhecimento da importância do capital humano para o desenvolvimento econômico”, destacou Luciano Rossini, consultor que também participou da organização da pesquisa. Nesse aspecto, Florianópolis, Vitória e Santa Maria são diferenciadas, tanto pelo acesso de qualidade à mão de obra básica quanto especializada.

De acordo com o ICE de 2023, os estudos mostram que a maior abundância de capital humano nas cidades pode impactar positivamente o empreendedorismo, de três formas: 1) aumentando a chance de êxito nas empresas, pois é mais provável que o empreendedor seja mais capacitado na gestão do negócio; 2) alocando recursos e coordenando atividades de forma mais eficiente; 3) ampliando as redes de relações sociais que se organizam no desenvolvimento do empreendedorismo.

O maior nível de educação formal nas cidades e a presença de escolas de negócios estão positivamente atrelados à criação de empreendimentos de maior crescimento. As cidades que conseguem ter maior porcentual de adultos com curso superior apresentam maiores taxas de empreendimentos inovadores.

Além de capital humano, o ICE avalia as condições de ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação e cultura empreendedora. A cidade de São Paulo tem boas colocações no ambiente regulatório (7º), Infraestrutura (7º); acesso a capital (1º) e inovação (5º).

“Um dos papéis da Enap é produzir conhecimento para aprimorar a gestão pública. Por isso, a produção do ICE é relevante para que gestores (especialmente locais) identifiquem áreas que estão bem desenvolvidas e outras que precisam ser aprimoradas para o impulsionamento do empreendedorismo no Brasil”, diz a presidente da Enap, Betânia Lemos.

Os três lugares que mais subiram no ranking

Brasília, Boa Vista e Aparecida de Goiânia foram as que mais subiram posições no ranking das melhores cidades para empreender. Brasília saiu de 69º para 4º lugar; Boa Vista, de 47º para 6º; e Aparecida de Goiânia, de 65º para 35º em 2023.

No caso de Brasília, a subida no ranking geral se deve, principalmente, às melhorias no ambiente regulatório, como a redução da alíquota interna do ICMS, e à simplificação burocrática (redução de tempo gasto com processos).

Aparecida de Goiânia (GO) foi a cidade do interior com maior ascensão no ICE de 2023. Registrou redução no tempo de tramitação de processos e na taxa de congestionamento em tribunais, ampliação da simplicidade tributária e maior interesse da população no empreendedorismo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.