Os casos de chikungunya aumentaram oito vezes no início deste ano, em relação ao ano passado, no Estado de São Paulo. Do dia 1.º a 27 de janeiro, período equivalente a 4 semanas epidemiológicas, foram confirmados 249 casos em todo o Estado, enquanto no mesmo período de 2023 tinham sido 30, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Nos dois períodos não houve óbito pela doença, mas este ano há duas mortes em investigação. Em todo o ano de 2023, foram confirmados 2.299 casos e 12 óbitos por chikungunya em São Paulo.

A chikungunya é transmitida pelo Aedes aegypti, mosquito que também transmite dengue, zika e febre amarela urbana. A pasta estadual informou que o mosquito está presente em todos os municípios do Estado e tem apoiado as prefeituras em ações de controle do transmissor.

A cidade de São José do Rio Preto, no interior paulista, registrou 115 casos confirmados de chikungunya em janeiro e entrou em alerta para epidemia da doença. O número em um único mês equivale ao total de casos registrados na cidade durante todo o ano de 2023. Corresponde também a 46% dos registros de janeiro em todo o Estado.

Conforme a Secretaria da Saúde de Rio Preto, a cidade tem alto índice de infestação pelo Aedes aegypti. De 10 mil imóveis vistoriados na primeira quinzena de janeiro pelos agentes de saúde, 300 estavam com larvas. O índice de 3% coloca a cidade em alerta alto para arboviroses, segundo o Ministério da Saúde, já que o ideal é que fique abaixo de 1%. Em dezembro, a infestação predial era de 2,1%. Este ano, no Parque da Cidadania, foram encontrados criadouros do mosquito em 9,5% dos imóveis.

De acordo com a coordenadora de Vigilância em Saúde, Andreia Negri, embora a dengue esteja em situação endêmica na cidade, apontando para epidemia, no caso da chikungunya os números já podem ser considerados epidêmicos. Além dos casos confirmados de chikungunya, outros 73 estão em investigação. “Precisamos que as pessoas vistoriem seus lares semanalmente para evitar a proliferação do mosquito”, disse.

Entre os pacientes que procuraram o sistema de saúde com sintomas da doença, muitos tinham febre alta e dores intensas nas articulações, quadros mais graves. O número de casos de dengue também está alto na cidade, o que aumenta a demanda pelos serviços de saúde.

Foram 149 registros positivos em janeiro e outros 996 casos estão em investigação. “Estamos no período de sazonalidade da doença, em que ocorre o aumento de casos”, disse Andreia Negri, referindo-se ao período de calor e de alta umidade.

Segundo a pasta da saúde, as medidas de combate ao mosquito estão sendo intensificadas, com ações de retirada de criadouros, nebulizações, bloqueios em áreas de risco, vistorias e orientações casa a casa. “O combate à chikungunya envolve as mesmas medidas que a dengue, já que o vetor é o mesmo”, lembrou Andreia.

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo informou que monitora o cenário epidemiológico dos casos notificados e confirmados e também os sorotipos circulantes no Estado, além de auxiliar as ações de combate ao mosquito transmissor de arboviroses dando apoio técnico aos municípios, que são responsáveis pelo trabalho de campo para a prevenção à doença.

“Todas as ações estão detalhadas no Plano Estadual de Contingência das Arboviroses Urbanas, elaborado em parceria com os demais níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. As arboviroses, como a dengue, chikungunya e zika, são doenças sazonais em que podem ocorrer ciclos epidêmicos e interdepidêmicos de um ano para outro”, disse, em nota.

No Brasil, nas primeiras quatro semanas de janeiro de 2024, foram notificados 14.958 casos prováveis de chikungunya. As regiões geográficas onde se concentram as maiores incidências são Sudeste, Centro Oeste e Norte. Entre os Estados, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Espírito Santo apresentam os maiores coeficientes de incidência. Houve três óbitos confirmados, todos na região Nordeste.

Sintomas

A chikungunya é uma doença febril causada por um vírus, com um conjunto de sintomas parecidos com os da dengue. O vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti e os sintomas aparecem em um período de dois a dez dias. Os sintomas começam com febre, dor de cabeça, mal-estar, dores pelo corpo e muita dor nas articulações, como joelhos, cotovelos e tornozelo, podem apresentar também manchas vermelhas pelo corpo.

O quadro agudo dura até 15 dias, mas pode se prolongar se incluir artralgia grave (inflamação nas articulações) tornando-se quadro pós agudo crônico e incapacitante. Não há vacinas licenciadas para chikungunya, mas, em dezembro de 2023, o Instituto Butantan pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o registro definitivo de uma vacina desenvolvida em parceria com a franco-austríaca Valneva.

Geralmente, a cura dos sintomas da chikungunya acontece de forma espontânea. Medicamentos antivirais ajudam a prevenir e tratar a infecção. O diagnóstico da chikungunya é clínico e feito por um médico. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A doença é de notificação obrigatória ao ministério.