OS JOGADORES DE FUTEBOL habituaram-se a comemorar gols “lustrando” as chuteiras mutuamente. O gesto significa reconhecimento por uma assistência perfeita ou uma alusão ao trabalho de equipe. Então, por que os dois sujeitos nas fotos aí do lado simulam a mesma comemoração? Porque um deles, Sergio Milano Benciowicz, principal acionista do Franchising Venture, acaba de adquirir 60% do capital da Golden Services, cujo dono é o outro personagem das fotos, Paulo Cesar Mauro. Agora, vamos às apresentações. O Franchising Venture é um fundo de participações em empresas franqueadoras. Em seu portfólio, estão marcas como Livraria Nobel, Café Donuts, Centro Britânico, entre outras. Recentemente, o BBI, o banco de investimento do Bradesco, colocou no negócio R$ 36 milhões para a aquisição de outras bandeiras. A mais recente delas é justamente a Golden Services, dona da Sapataria do Futuro, que, como o nome sugere, oferece serviços de consertos e revitalização de calçados. Além dela, Mauro criou uma série de filhotes da família “Futuro”: Lavanderia do Futuro, Costura do Futuro, Bordado do Futuro e outros. Com 180 unidades espalhadas por todo o País, a Sapataria se tornou uma espécie de âncora das chamadas alamedas de serviços, cada vez mais comuns nos shopping centers.

Com a incorporação, o Franchising Venture soma 420 unidades de todas as bandeiras e um faturamento ao redor de R$ 200 milhões. Os músculos adicionais adquiridos com a compra da Sapataria são fundamentais no modelo de negócios do fundo. Cada uma das empresas possui estruturas próprias de operação, mas divide as atividades de apoio, como assuntos jurídicos, treinamento, finanças, marketing e telemarketing. Nesse núcleo trabalham 50 pessoas. As despesas são rateadas entre as diversas marcas, de acordo com o número de pontos-de-venda de cada uma. “Escala é o nome desse jogo”, afirma Benciowicz. “De cara, o custo de cada unidade da Sapataria do Futuro cairá 30%.” A Sapataria ganha também novo fôlego financeiro para investimentos. O foco será no reforço à linha de produtos com marca própria, como cadarços, graxa para sapatos, entre outros.

Além da compra da Sapataria, o dinheiro do BBI alimentará pelo menos mais um ofensiva. Em conjunto com a Gimba, papelaria de atacado que só vende pela internet ou telefone, o Franchising Venture lançará a Nobex, lojas para venda de material escolar e de escritório. Será uma espécie de “atacarejo”, lojas que atuam tanto como atacadistas quanto como varejo. Com esse modelo, baterá de frente com a Kalunga, que reina quase sozinha nesse setor. A loja-piloto foi erguida em Piracicaba, interior de São Paulo. Até o final do ano, serão mais três pontos. Em 2009, Benciowicz pretende inaugurar uma unidade por mês, todas franqueadas. O investidor terá que desembolsar entre R$ 250 mil e R$ 500 mil. O plano de negócios do Franchising Venture prevê, a médio prazo, chegar a uma rede de mil pontos-de-venda de doze marcas. A geração de caixa baterá em 40% do faturamento – hoje, encontra-se na casa dos 30%. Quando chegar a esses patamares, Benciowicz irá para a Bolsa. Por isso, todas as empresas do grupo já são sociedades anônimas, auditadas e dão garantia de tag along. Oportunidade de crescimento não falta, diz ele. No Brasil, há cerca de 1,3 mil empresas franqueadoras e o mercado de franquias salta 15% a cada ano.