21/01/2009 - 8:00

O INVESTIDOR QUE ESTAva preocupado com a liquidez dos seus investimentos recebeu uma boa notícia. Alguns fundos multimercados de gestoras independentes iniciaram um movimento que deve se tornar uma onda em 2009. Em vez dos tradicionais 90 dias de carência, os pedidos de resgate agora podem ser realizados em 30 dias. A tendência é que voltem a ser diários como os fundos dos grandes bancos. Administradoras como Mauá, GAP, Orbe, entre outras, já cortaram os prazos de carência para os saques. Essa é a primeira ação após as perdas recorde de R$ 54,5 bilhões desse tipo de fundo nos 12 últimos meses. O principal motivo é atrair aqueles que fugiram para ativos mais seguros, como o CDB. Carências longas deixam o investidor preso e aflito em momentos de alta volatilidade. ?O investidor está avesso a fundos sem mobilidade para os saques?, diz Dany Rappaport, sócio da InvestPort.
Mais de um mês de espera aguardando pelo dinheiro parece incomodar. Os fundos Orbe Balance e GAP Absoluto, por exemplo, permitem agora resgate de 30 dias em vez dos 90 dias e 60 dias, como acontecia anteriormente. Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio da Mauá Investimentos, promoveu uma redução nas carências dos fundos da casa. A carência dos multimercados Mauá FIC e Mauá Top passou de 90 dias para 30 dias. Nessa revisão, até o fundo de ações Mauá Bolsa ganhou novo prazo: de 30 dias para cinco dias. Segundo Figueiredo, não há prejuízos na estratégia: a venda dos papéis da carteira sempre ocorreu em, no máximo, três dias. ?Os fundos brasileiros operam com ativos líquidos e não necessitam de prazos tão longos?, justifica ele.
A diminuição da carência também acelerou a redução da exposição desses fundos ao risco. Alavancagens e ações de small caps estão perdendo espaço dentro das carteiras. A combinação desses fatores permite aos gestores traçar planos com maior liquidez e consertar um erro cometido nos últimos três anos. Nesse período, a indústria de multimercados vendeu um conceito de que prazos mais longos de resgate permitiam ao gestor montar posições mais agressivas e vitoriosas. A crise veio e, com ela, a rentabilidade ficou abaixo da expectativa que era prometida. ?O gestor talvez tenha errado ao entender que um fundo de 90 dias dava a ele o direito de errar por mais tempo sem que o investidor quisesse seu dinheiro de volta?, diz Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset. O caixa eletrônico dos multimercados foi reaberto para o investidor.