POR CÁSSIA MESSIAS*

Em meio às grandes tragédias e dificuldades trazidas pela Covid-19, as empresas passaram a olhar para a saúde mental das pessoas – na verdade, a falta dela –, uma questão silenciosa que assola o mundo corporativo há décadas. Nunca se falou tanto em burnout, ansiedade, depressão e estresse no ambiente de trabalho. A pandemia afetou mentalmente 74% dos profissionais brasileiros, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral e Talenses Group.
As pessoas estão ficando doentes e exaustas nas organizações. Os últimos 15 meses escancararam o grande desafio de olhar para os colaboradores com mais atenção. A responsabilidade deixou de ser individual, ela é estrutural. Por isso, precisamos cocriar soluções para aumentar a responsabilidade corporativa, contribuindo para a cura sistêmica do ambiente de trabalho na sociedade digital. Hoje, muitos funcionários passam a maior parte do tempo no trabalho, e esse precisa deixar de ser um lugar que traz dor e sofrimento psíquico adicionais.
De acordo com a Rede Brasil do Pacto Global da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 18% das empresas do país endereçam o tema da saúde mental. Pouco, né? Segundo a Organização, “sem saúde, não há empresa que prospere”. Esse é um tema forte, inclusive, na agenda ESG das corporações, e não há como evoluir nessas áreas se não tratarmos urgentemente disso. Jeffrey Pfeiffer, no livro “Morrendo por um Salário”, estima que ambientes de trabalho estressantes são responsáveis por 120 mil mortes, e US$ 180 bi são gastos com saúde só nos EUA.

Cássia Messias
* Cássia Messias é COO da plataforma Zenklub

As pessoas são o maior ativo de uma empresa. São elas que fazem tudo acontecer, e, por isso, precisam ser cuidadas. É fundamental expandir essa consciência a todo o ecossistema empresarial brasileiro. Temos uma grande oportunidade de construir o legado da saúde mental na era pós-pandemia.
O movimento #MenteEmFoco, da Rede Brasil do Pacto Global, trouxe ainda mais força e voz para o tema, pois incentiva empresas e organizações a agirem em favor não apenas dos colaboradores, mas de toda a sociedade, no combate ao preconceito social contra a saúde mental. É importante aproveitar todo esse holofote para tratar esta ferida, unindo esforços para curá-la. O poder de transformar o mundo está nas mãos de líderes e empresas que praticam esta consciência expandida. Vamos nessa?