O mercado segurador brasileiro não vai sentir saudades do ano que passou, quando o setor encolheu. Na AGF Seguros, porém, o ano passado traz boas recordações. No último exercício, a seguradora arrecadou um prêmio ? o equivalente ao faturamento ? de R$ 1,1 bilhão, um aumento superior a 10%. A maior contribuição foi dada pela área de saúde. Do lucro líquido de R$ 23,4 milhões, mais de 40% veio da AGF Saúde. Pesquisa da FGV indicou ainda que a seguradora teve o melhor desempenho da área de saúde no País, com rentabiliade de 23,9%.

Decisões técnicas. Enquanto a maioria das seguradoras concentra suas vendas nos produtos tradicionais, como seguro de automóvel, a AGF resolveu utilizar a tecnologia para ser lucrativa no ramo médico, onde poucos concorrentes ganham dinheiro. Segundo estudo realizado pela Itaú Seguros, o mercado de seguro saúde no Brasil encolheu 5%, em dólar, de 1996 a 2002. A própria Itaú deixou de vender esse tipo de produto para pessoa física e só mantém a carteira do seu antigo plano. Na AGF, o seguro saúde só é oferecido para o segmento empresarial. Dessa forma, ela abocanha a parte boa do mercado. ?No mundo corporativo, as decisões são mais técnicas?, diz Paulo Marracini, presidente do Conselho de Administração da AGF. ?Os planos individuais não nos interessam.?

Por decisões técnicas, entenda-se um acompanhamento detalhado dos gastos. Segundo Marracini, a carteira de saúde do grupo foi saneada em 2001, após vários clientes que tinham custos elevados não aceitarem os reajustes de preços cobrados. Quem permaneceu foi agraciado com um sistema de gerenciamento dos planos que envolve ações preventivas de saúde e até orientação médica. Um projeto batizado de Qualidade de Vida oferece acompanhamento individualizado para o segurado. Para o diretor executivo da AGF Saúde, Reginaldo Pereira Nakao, ações como essa ajudam a fidelizar os clientes e a conquistar novos segurados. Dos atuais 125 mil clientes da AGF Saúde, 8 mil vieram no ano passado, num ambiente de economia instável e redução de carteira na concorrência. ?De 1996 a 2002, a nossa carteira de saúde sempre registrou crescimento real, mesmo que pequeno?, afirma Nakao. ?Às vezes você não precisa reinventar a roda, mas só botá-la para rodar no caminho certo.?