Quando começou a trabalhar no banco dinamarquês Saxo Bank, em 2000, o português Pedro Borges tinha o desafio de fazer a marca recém-lançada ser conhecida na terra de Camões. “Ligávamos para as empresas e tínhamos dificuldade de marcar reuniões com os CEOs, as pessoas quase não conseguiam pronunciar o nome do banco”, diz Borges. Quatorze anos depois e após ter estruturado a operação portuguesa, o executivo tem se deparado com desafios semelhantes no mercado brasileiro. Desde outubro operando por aqui, por meio de uma plataforma virtual que oferece ativos internacionais aos investidores brasileiros, o Saxo esbarra na complexidade do mercado brasileiro e na dificuldade de fazer a marca conhecida.

 

Apesar dos desafios, o executivo mantém metas ousadas. Além de solidificar a operação brasileira, Borges vai além. Ele pretende, no médio prazo, conseguir parceiros locais de grande porte e que estejam dispostos a oferecer investimentos a países vizinhos. “Ainda vou convencer um grande player brasileiro a ter o Brasil como ponto de partida para outros mercados próximos.” Iniciativas para isso já existem, nas próximas semanas, o executivo vai se reunir com a BM&FBovespa com o objetivo de levar ações brasileiras aos investidores estrangeiros por meio de sua plataforma.

 

No Brasil, a ordem é ampliar o acesso dos investidores nacionais ao mercado externo.  Nesta quarta-feira 30, o banco adicionou uma nova opção em sua plataforma. A partir de agora, os clientes do Saxo terão acesso a 200 opções de ações e ETFs nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico.  “Temos uma oportunidade única no Brasil, já que, com o mercado interno de ações não indo tão bem, os investidores passam a olhar com atenção os mercados internacionais.”

 

Apesar de não revelar números, Borges explica que nesses seis primeiros meses de operação no Brasil já possui clientes em todos os segmentos que atua, bancos, gestoras, fundos e corretoras. “Meu objetivo é que até o final de 2016 o mercado nacional possa representar 50% das nossas operações na América Latina.” Na região, além do Brasil, o banco também está presente no Uruguai e no Panamá.

 

De acordo com Borges, para os brasileiros interessados em investir no exterior, além dos Estados Unidos, a Europa terá oportunidades importantes nos próximos anos. “Principalmente no sul europeu, enquanto os países enfraqueceram, as empresas se fortaleceram e isso tem se traduzido em uma boa oportunidade no médio prazo.” Sobre o Brasil, sua percepção é que o país continua sexy para investir e que, mesmo com os problemas pontuais como crises políticas e manifestações, o investidor internacional quer entender como funciona o mercado por aqui.