Desde janeiro do ano passado, o que se escuta no antológico Teatro Scala de Milão, no lugar das belas canções líricas, é o barulho de serras e martelos. Ícone mundial da ópera, o Teatro Scala de Milão, fundado em 1778 pela imperatriz Maria Thereza da Áustria, passa pela mais profunda reforma da sua história. É um projeto ambicioso. Toda a estrutura da secular construção neoclássica será renovada, incluindo a fiação e os equipamentos eletrônicos. Até mesmo os cenários e as fantasias estão sendo cuidadosamente repaginados por uma equipe de artesãos e costureiros. O luxuoso interior da casa de espetáculo, com afrescos nas paredes, estátuas douradas e um lustre da Boêmia com 365 lâmpadas, também está sendo restaurado.

Quando voltar a funcionar, em 2004, o Scala terá algumas novidades como um centro de treinamento para artistas italianos e internacionais que atuam nas  áreas ligadas ao teatro, da  música clássica ao balé, além
de um palco extra, que foi construído para ser usado nos ensaios. O glamour e a pompa que cercaram a última apresentação do Scala, a ópera Ottelo, antes da reforma, traduzem a sua importância. Para despedir-se do teatro, grandes personalidades, do presidente da Itália, Carlo Azeglio Ciampi, ao estilista Giorgio Armani, estiveram presentes ao espetáculo.

Projetado pelo arquiteto Giuseppe Piermarini, o Scala foi construído para substituir o Royal Ducal Theatre, destruído pelo fogo e que, até então, era a casa das apresentações líricas de Milão. Palco dos grandes nomes da música lírica como Giuseppe Verdi (1813-1901), Giacomo Puccini (1858-1924) e Arturo Toscanini (1867-1957), o teatro italiano foi o local onde a ópera O Guarani do brasileiro Carlos Gomes, foi encenada pela primeira vez, em 1870.