13/12/2024 - 20:03
Chanceler federal alemão afirmou que país não vai pedir para sírios “largarem o emprego e irem embora” e ressaltou reflexos que deportação teria no mercado de trabalho.O chanceler federal alemão Olaf Scholz afirmou nesta sexta-feira (13/12) que sírios “bem integrados” na Alemanha não serão obrigados a retornar ao seu país de origem após o colapso do regime de Bashar al-Assad.
A afirmação acontece após líderes de partidos da direita alemã pressionarem o governo por medidas que incentivem o retorno voluntário de refugiados para a Síria. Em alguns casos, políticos sugeriram até medidas mais incisivas, como a deportaçãO.
“Aqueles que trabalham aqui, que estão bem integrados, continuam a ser bem-vindos na Alemanha. Isso é óbvio”, disse em vídeo publicado no X. “Algumas declarações destes últimos dias desestabilizaram profundamente os nossos cidadãos de origem síria”, completou.
Scholz enfatizou que pessoas que estão integradas, falam alemão e possuem contratos de trabalho podem se sentir seguras na Alemanha. “Não vamos dizer a eles para largar o emprego e ir embora”, continuou.
O chanceler ainda enfatizou que cerca de 5 mil médicos sírios trabalham em hospitais alemães, ecoando dados de um estudo que sugere que a deportação de sírios pode levar a escassez de mão de obra na saúde alemã.
Alemanha mantém análise de refúgio suspensa
Ainda assim, a Alemanha, assim como muitos países europeus, congelou a análise de novos pedidos de refúgio de imigrantes da Síria até que a situação no país se normalize. Quase um milhão de nacionais sírios vivem no país europeu. A maioria chegou durante o pico da crise migratória, em 2015, fugindo do regime sangrento de Assad.
Deste grupo, apenas alguns já obtiveram a nacionalidade alemã. Falas como a da colíder da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, que disse ser óbvio que “estas pessoas devem retornar à sua terra natal” assustou muitos imigrantes que ainda estão vulneráveis devido ao seu status de permissão temporária.
É o caso de 712 mil sírios, que possuem status de refugiado, que estão com a solicitação pendente ou que tiveram o pedido rejeitado mas receberam proteção temporária.
Membros de partidos como a conservadora União Democrata Cristã (CDU, da sigla em alemão) também sugeriram medidas similares, como a oferta de dinheiro para “quem quiser voltar”. A CDU lidera as intenções de voto para as eleições federais que devem acontecer em fevereiro.
Na Áustria, o chanceler Karl Nehammer ofereceu mil euros para sírios que queriam retornar ao país.
gq (lusa, afp, dw, ots)