24/01/2022 - 18:24
A iminente invasão da Ucrânia pela poderosa força militar russa vai gerar um caos na economia mundial, com proporções similares aos da pandemia nos últimos dois anos. Dias atrás, o presidente americano Joe Biden subiu o tom e garantiu que a ofensiva causará um custo alto para Vladmir Putin. O problema é que uma eventual guerra não terá um custo alto só para o líder russo. Vejamos.
Como a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e gás de mundo, e o principal gasoduto que abastece as residências e a indústria europeia cruza o território ucraniano, pode-se esperar uma disparada dos combustíveis em todo o mundo. O barril do petróleo, hoje próximo a US$ 90, deve ultrapassar US$ 100 assim que o primeiro tiro na fronteira for disparado. Por consequência, o frete, os alimentos e praticamente todos os produtos – industrializados ou não – serão afetados pela guerra. Além da inflação, a já desorganizada cadeia de suprimentos também será afetada.
Não seria a primeira vez que as tensões geopolíticas no Hemisfério Norte causariam estragos imensos na economia brasileira. A fragilidade das exportações e baixa competitividade da indústria brasileira fazem do Brasil uma espécie de paciente na UTI com uma extensa lista de comorbidades.
O impacto de uma provável disparada dos preços não seria motivo de tanta preocupação se o real não estivesse tão depreciado frente ao dólar. Como a inflação já roda acima de dois dígitos, e os juros estão em trajetória de alta, há pouca margem de manobra para amortecer a alta dos preços.
Ainda existem alternativas para que um confronto armado seja evitado. O pano de fundo do aumento das tensões está o descontentamento da Rússia a uma possível entrada da Ucrânia na Organização dos Países do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Putin não quer ter um vizinho e ex-território soviético sob influência direta dos Estados Unidos. A Otan, que reúne os países mais ricos do Ocidente, já se manifestou dizendo que não cabe à Rússia indicar quem deve ou não fazer parte do grupo. Vale recordar que a Ucrânia foi invadida pela Rússia na década passada, quando Putin apoiou grupos separatistas na região da Crimeia, que foi anexada pelos russos.
Enquanto um acordo não sai, a Rússia posiciona mais de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia. E o Brasil torce – ou pelo menos deveria torcer – para que as troca de ameaças não passe de um jogo de palavras. Se a guerra ocorrer, não há dúvidas de que Putin vai pagar muito caro. E todos nós também pagaremos.