Quem nunca se arrependeu de uma compra feita intempestivamente? Não há como negar. Nem sempre as decisões de consumo geram sorrisos quando se chega em casa com muitas sacolas nas mãos. Esse leve arrependimento também ocorre com investidores, principalmente em épocas de bolsa volátil. Quando a tomada de decisão para investir é feita de maneira rápida e sem muita reflexão, ao primeiro sinal de baixa do investimento, chega o remorso.

“Por que não investi em renda fixa?”, dizem os amedrontados. “Poderia ter colocado essa mesma quantia na bolsa!”, lamentam-se os conservadores. “Por que não olhei direito os resultados dessa empresa?”, questionam os imprudentes. Esse tipo de sentimento é notado em indivíduos que não têm certeza das decisões na hora de optar por uma compra ou investimento. Mas isso não significa que tenham feito a escolha errada – pelo menos, no caso das aplicações.

Nos Estados Unidos, berço do consumo e da bolha financeira que assombrou o mundo em 2008, pesquisadores da Universidade Columbia desenvolvem estudos para entender esse comportamento. Surpresa: os afobados nem sempre estão errados. Ran Kivtez é professor de marketing na universidade e, juntamente com psicólogos, analisou o sentimento de algumas pessoas pouco tempo após um investimento inicialmente mal-sucedido.

Segundo Kivtez, o remorso do poupador é causado pelo “excesso de visão de longo prazo”. “De imediato, a tendência é que o indivíduo com esse comportamento se arrependa. Mas, com o passar do tempo, o sentimento ruim é substituído pela satisfação de obter ganhos”, relatou. Caso ele escolha não investir, ou se prive de um investimento mais arriscado e opte por algo conservador e pouco rentável, se arrependerá no longo prazo e permanecerá com um sentimento de frustração por mais tempo.

O estudioso compara esse tipo de investidor a um estudante que evita viajar nas férias para economizar. “Décadas depois, os que aproveitaram esse período, mesmo passando por dificuldades financeiras, lembram apenas do lado bom das férias. Já os que economizaram e foram conservadores, sempre vão se arrepender de não ter passado por essa experiência”, diz o professor. Ou seja: se não quiser, não invista. Se investir, não se arrependa.