16/12/2014 - 0:00
Se a Petrobras não fosse uma empresa estatal, ela perderia o grau de investimento. Essa é a conclusão da decisão da agência de classificação de risco americana Standard & Poor’s (S&P) que anunciou, nesta terça-feira 16, o rebaixamento do perfil de crédito isolado da Petrobras. Esse indicador, conhecido em inglês pelo nome Stand-Alone Credit Profile (SACP) foi rebaixado de “BBB-” para “BB”, já abaixo do grau de investimento e no nível de grau especulativo, reservado para empresas arriscadas.
Segundo o relatório da S&P, o fato de a Petrobras estar enfrentando investigações de corrupção debilitou sua força financeira e o seu acesso ao mercado de capitais. A redução, escreveram os analistas, “reflete menor liquidez, um mercado de capitais mais fechado à empresa e uma potencial piora na geração de caixa.” Ainda segundo o relatório, “o crédito para a empresa já está apertado, e a geração de caixa pode ser prejudicada pela redução de investimentos, que podem afetar a produção. Além disso, a empresa pode vir a sofrer com indenizações e multas que podem ser aplicadas pelas autoridades brasileiras e americanas devido às acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.”
Apesar do rebaixamento do perfil de crédito isolado, a classificação de risco (“rating”) da Petrobras continua em “BBB-”, ou seja, ainda no nível de grau de investimento. Segundo Luciano Gremone, diretor da Standard & Poor,s em Buenos Aires e um dos analistas a assinar o relatório, a perspectiva (“outlook”) do rating está estável, o que indica que não há probabilidade de rebaixamento da classificação de risco no curto prazo.
Gremone explica que a Petrobras permanece como grau de investimento pelo fato de ser uma estatal estratégica para o Brasil e que, em caso de uma crise mais séria, “muito provavelmente” seria socorrida por seu acionista controlador. “O perfil de crédito isolado é um dos componentes do rating, e ele mostra a deterioração das condições financeiras da empresa.”.